CABOCLA JUREMA

PESQUISA

PRÁTICA DE FÉ.

No sistema religioso umbandista atual há uma série de ramificações, que geraram crenças e práticas diversas, assim como há muitos deuses e muitas seitas de diversas características. Dentre estas, encontraremos o catimbó, cujas características principais é o culto às Caboclas Juremas, as Icamiabas, Guerreiras Amazonas.

“A noção do ser humano como uma criação divina implica que ele é responsável perante Deus por tudo o que faz, ritual, moral, social e politicamente”.

UMBANDA

A Umbanda no Mundo Astral, tem seus fundamentos firmados, como “Lei Divina” há milhares de anos, mas que se expressa no mundo carnal envolta em vários véus, cada qual adaptado a uma era ou época.

Por outro lado, nós vivemos em um país onde é muito forte a tradição religiosa, nos orgulhamos dos muitos símbolos encontrados em toda parte. É só viajar pelas estradas do Brasil que já percebemos o sentimento religioso no ar. São as cruzes, algumas à beira da estrada, indicando que ali morreu alguém por um acidente ou por uma forma qualquer. É interessante notar, que o Brasil pode ser considerado um miniplaneta, pois aqui temos representantes de todos os continentes e tradições convivendo pacificamente, sem os atritos provenientes do fundamentalismo de um ou outro setor.

JUREMA:

O Culto do Juremá é mais um dos vários tipos de rituais, encontráveis nos terreiros de Umbanda, de forma a se adaptar às necessidades da população que frequenta os templos afins, especialmente, nos Templos Iniciáticos e nos rituais internos de alguns terreiros, onde se percebe um interesse maior na busca da evolução espiritual, sem os véus da ilusão ditados pelo mito.

As entidades que se apresentam na Umbanda, vêm personificar a Simplicidade, a Pureza e a Sabedoria, em nome de Oxalá - o Cristo Jesus -, e através de seus conselhos, conseguem acender a chama da Fé no coração dos que procuram os templos.

A Cabocla Jurema, Entidade Guia, da Linha de Oxossi, é um exemplo disso. Está sempre nos pondo em sintonia e nos ensinando os meios para caminhar seguramente em direção da nossa própria essência espiritual. O nome "Jurema" vem do tupi-guarani, que significa: Ju, "espinho" e Remá, "cheiro ruim".

Essa entidade Jurema é, por assim dizer, uma entidade oriunda do catimbó. É uma prática de magia baseada no Cristianismo, onde apóia toda a sua doutrina religiosa. Não é tido como uma religião, mas pode ser classificado como uma seita derivada do catolicismo. É uma prática espírita porque trabalha com a incorporação de almas de pessoas já falecidas e é neste sentido que se afasta da religião base. O catimbó, tem uma raiz índia, e que foi se perdendo com o tempo. Não há dúvida que o Catimbó é xamanista, pois utiliza-se de muitas práticas de pajelança.

PAJELANÇA

Na pajelança, o elemento gerador é genuinamente ameríndio. As curas são levadas a efeito pelos pajés, verdadeiros xamãs indígenas. Uma dessas versões é a encantaria, onde os crentes repetem várias vezes o ponto cantado, a quadra rogatória de purificação e dançam em volta da guna (forquilha central da sala), no centro de um círculo formado por todos os dançantes, que giram sobre si mesmos da direita para a esquerda.

Os Juremeiros têm o hábito de dizer que Catimbó não é umbanda e se desenvolveu de forma paralela e independente, o que, humildemente discordo, pois tudo isto é uma grande contradição, uma enorme confusão, pois acredito e venho verificando que tudo é Umbanda, a religião primeva trazida para a terra pelos Orixás e velada pelos ancestrais Ilustres, e foi dela que surgiu as demais ramificações.

O Catimbó basicamente trabalha com os Eguns – espíritos de mortos -, com Caboclos, com Marinheiros, Exu e Pombagira. Usam como símbolo o cachimbo dos Pais-Pretos e o rolo de fumo, e o seu mestre principal é o Sr. Zé Pelintra.

Para melhor compreensão do acima exposto, citaremos duas passagens.

1a. Quando em terra, incorporados, os Mestres já chegam embriagados, tombando de lado a lado e falando embolado. São brincalhões chamam palavrões, mas o que falam é respeitado por todos.

2a. Quanto às mestras, reconhecem-se seus assentamentos pela presença de leques, bijuterias, piteiras, cigarros e cigarrilhas.

Existem, para eles, os juremeiros, uma infinidade destas entidades. As mais comuns são as chamadas mestras das esquerdas, entidades que na vida material foram mulheres de vida fácil; mulheres das ruas e dos cabarés nordestinos. Muito vaidosas, quando incorporadas elas travestem os seus discípulos de forma a melhor aclimatar a matéria às performances femininas. Quando entre seus afilhados e discípulos no mundo material, bebem cerveja, cidra e espumantes, embora não rejeitem outras bebidas que se lhes ofereçam. Gosta de comer peixe assado que é depositado em suas princesas para lhes dar força para trabalhar.

Voltando então ao tema, a Jurema é uma "entidade espiritual", portanto, pode ser local de culto e oração, mundo espiritual, plano espiritual; enfim, Jurema é uma índia METAFÍSICA; não a vemos, mas podemos SENTI-LA E CONHECÊ-LA.

No sincretismo umbandístico – A Cabocla Jurema é uma guerreira Icamiabas – mulher sem marido. A lenda das mulheres guerreiras foi o que deu origem ao nome do estado mais extenso do Brasil e do maior rio da região amazônica, um dos maiores do mundo. Os primeiros europeus, ao chegarem às terras da futura Amazônia, contaram ter encontrado tribos de mulheres cujos costumes assemelhavam-se aos das famosas Amazonas da Capadócia, na Ásia Menor. A palavra Amazonas vem de a (sem) + mazos (seios), portanto, sugere significar "mulheres sem seios" ou, pelo menos, sem algum dos seios. Diz-se que as Amazonas extirpavam o seio direito para melhor manusear suas armas durante as batalhas. A tribo vivia sem permitir a presença de homens. Apenas quando precisavam procriar, elas buscavam os machos de outras tribos, mas depois da cópula eles eram obrigados a voltar à tribo de origem. Os filhos das Amazonas, quando nasciam meninas eram criadas com a mãe para aprender o ofício da guerra. Mas quando nasciam meninos, eram entregues ao pai.

Segundo o folclorista Walcyr Monteiro, foi o navegante espanhol Francisco de Orellana, em 1541, o primeiro a contar que ao chegar ao Mar Dulce, atual rio Amazonas, ele e seus tripulantes teriam sido atacados por uma tribo de mulheres descritas pelo Frei Gaspar de Carvajal como muito altas e de peles muito claras, com cabelos compridos, trançados e enrolados no alto da cabeça. E mais: guerreando completamente nuas, portando apenas seus arcos e flecha.

Os espanhóis foram vencidos e tiveram que fugir, mas conseguiram capturar um índio que contou sobre a tribo de mulheres.

Disse ele que havia cerca de setenta tribos semelhantes na região; que elas viviam sem a presença de homens e que dominavam as tribos vizinhas. O índio contou ainda que quando era tempo de procriar as guerreiras pegavam índios à força, nas tribos dominadas. Depois de engravidá-las, eles eram mandados embora. De pronto, os espanhóis as identificaram como sendo as Amazonas e passaram a chamar o então Mar Dulce de "rio de Las Amazonas".

Diziam os índios que as Icamiabas (ou Amazonas, para os europeus) presenteavam os homens após a cópula com pequenos artefatos semelhantes a sapos entalhados em algum mineral esverdeado, como a pedra de jade (jadeíta) ou a nefrita, por exemplo. O presente era chamado de Muiraquitã, durante um ritual dedicado à Lua. Os Muiraquitãs eram pendurados no pescoço do visitante e usados por eles até os próximos encontros sexuais.

A tribo de mulheres sem maridos nunca foi encontrada por pesquisadores, mas o mesmo não se pode dizer dos Muiraquitãs. Os pequenos adornos que seriam utilizados nos rituais de fertilidade têm sido encontrados com freqüência na região do Baixo rio Amazonas.

A Entidade Chefe Cabocla Jurema – trabalha dentro da necessidade de cada pessoa, transmitindo coragem e energia. Tem sempre uma palavra de alento e conforto para aqueles que sofrem de enfermidades. Ela nos ensina a suportar as dificuldades e nos dá coragem para suportá-los. Em qualquer lugar onde você esteja, quando o desespero tomar conta e a coragem lhe faltar, chame pela Jurema e sentirá sua força. Quando está trabalhando, atrai a presença, vibratória de todas as Caboclas Jurema, ou seja, Jurema da Cachoeira, Jurema da Praia, Jurema da Mata, e assim por diante, pois na realidade todas são uma única vibração que trabalha com os ambientes da natureza. Ex: lua, sol, mata, chuva, vento etc.

Quando você quiser agradar uma Cabocla Jurema, vá a uma mata limpa, estenda uma toalha verde de pano ou plástico e coloque sobre ela um vinho tinto (para Oxossi), um coco verde (para a cabocla), substituindo o líquido de dentro do coco por vinho com mel, enfeitado com fitas verde e vermelha. Não se esqueça de uma travessa de frutas e uma cigarrilha. Uma vela verde e um charuto. As frutas podem ser laranja, banana, abacaxi, manga, fruta de conde, goiaba etc...

ORAÇÃO À CABOCLA JUREMA

Juremá, Linda Cabocla de Pena

Rainha da Macaiá

Ouve o meu Clamor.

Jurema me livra dos perigos e das maldades

Ô Cabocla, tu que és Rainha da folha •Nunca me deixes em falta

Que o teu bodoque seja sempre certeiro

Contra os que tentarem me destruir.

Jurema caminha comigo, ô Cabocla

E me ajuda nesta jornada da Terra.

Jurema que a sua força, junto com vosso Pai Caboclo Tupinambá

Me acompanhe hoje e sempre

Em nome de Zambi,

Salve a Cabocla Jurema!

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Raimundo S. de Souza

Discípulo do Pai Ademir do Carmo