ANO NOVO, FELIZ?

As mesmas felicitações ecoam no mês de dezembro, embalando o clima de festividades com frases de efeito, como: Desejo-te: “sucesso”, “êxito”, “saúde”, “paz”, “harmonia”, etc e tal, mas soa invariavelmente, com a indisfarçável artificialidade de palavras lançadas a esmo na imensidão cósmica. E o que sobra é a realidade dos 365 dias do ano. E qual é esta realidade? É a vivência diária com a injustiça, violência, corrupção, drogas, desrespeito aos direitos, o poderoso pisando inexoravelmente nos mais fracos, o vil metal influenciando e discriminando, o homem chorando por um trabalho, mendigando por um chão, se humilhando por um teto, se anulando sem educação, e morrendo aos poucos todos os dias, sem comida, sem saúde. Esta é a nossa realidade, arrogância e prepotência, revestida de ouro e prata, perfumada com a fragrância da intolerância, e despida da dignidade, eis a combinação perfeita da miserabilidade humana, que campeia este planeta, um lindo planeta azul, dirigido por homenzinhos alucinados pelo poder efêmero, destroem sonhos e mais sonhos, de uma raça, por isso não direi: feliz ano novo! Mas declinarei um convite, um convite à reflexão; O momento é de refletir, urge mudança, e nesta introspecção, talvez possamos sentir a felicidade de um novo ano num futuro bem próximo, pois a esperança anda escassa, porém resiste e ainda insiste em sobreviver! Depende de nós....

ANDRADE JORGE

NOTA DO AUTOR: Este texto vem sendo publicado desde 2005. O texto não muda, porque nada mudou.