Invisível
Voltando da rua
Em direçao à minha casa
Quando um homem branco esbarrou em mim
Naquele instante eu caí
Minha sandália ficou
Ele seguiu
Eu sozinha me levantei
E correndo tentei escapar
Do carro que vinha em alta velocidade
E que provavelmente iria me atropelar
O cara que me derrubou
Continuou andando
Estava ela à minha frente
E quando enfim consegui atravessar
Ouvi um "desculpa"
Hoje mesmo parei para pensar
O quão sou vista sou?
O que te impede de me enxergar?
Sem querer confrontar o acidente
Mas o fato de me abandonar
Retrocedia eu aquele instante
E por um momento
Num cubo inconstante
Ambos os lados me ofuscava
Mas dizem que o mundo é uma roda
Ouvi dizer que dá voltas
Acontece que nas demais voltas que o mundo deu
O meu ser só desmereceu
Invisível até pelos pregadores de Deus
Posso ate ser notada
O que dói
O que corroí
É a pele cortada
Pisotiada pelos que não me vêem
Saciada por ser carne retalhada
Onde a dor se esconde
E ninguém ver
Importante aqui é me comer