A MÃE DO “NOIA”


São nove meses de amor e ternura
Quando a criança nasce,
a mãe jubilosa no colo a segura.
Dá-lhe de mamá e depois a ensina a andar
Para a creche ela o leva,
mas um pouco insegura.
A criança vai crescendo
e a mãe enchendo de carinho
Deixa a creche e começa ir para a escolinha
Depois das aulas vai jogar
futebol com os amiguinhos.


Porém vai chegando a adolescência
e vai amanhecendo a rebeldia.
Junto com ela as más companhias
É o horário mais perigoso da vida
A mocidade e os desejos à vista
Os hormônios correndo na pista
De querer se enturmar e entrar em alguma ” tribo”;
não ser o bullying das chacotas dos amigos.
Esses, amigos entre aspas, vêm chamá-lo no portão
Vêm junto com Satanás com sua sedução
“O que te intriga é a natureza do seu jogo”
Levar para a rua e suas armadilhas
Um labirinto que leva para o inferno
Dá-se o final tétrico desta trilha
E EM CASA A POBRE MÃE
COM O CORAÇÃO NA MÃO.

Tudo começa com um gole
Daqui a pouco se tornam mil doses
Experimente este cigarro!
Não é de tabaco… não tem nicotina
...É feito da maconha
Em casa sua mãe ainda nem sonha
O trem corre guiado sobre o trilho
Agora sua vida no caminho da “farinha”
E o seu nariz é apresentado à cocaína.
É uma idade que é “Maria vai com as outras”
Se a cabeça é fraca,
logo estará no crack,
aí o trem já está descarrilado.
Daí já era, meu amigo!
O filho querido foi mordido por um “The walking dead”,
o espírito do vício.

Vira, então, um zumbi errante,
um vivo-morto perambulante.
Aí já era amor, já era caráter, já era família
Não sente fome
Nem sente sede
O sol não queima
A noite não é fria
A única coisa que agora importa
é a droga dessa porcaria.
Mente, rouba, furta
Bate até na mãe
E A DEIXA EM CASA
COM O CORAÇÃO NA MÃO.
Sai para a rua, mas não tem hora da chegada
Pode ser ainda hoje
Ou daqui a três madrugadas
Com isso o peito da mãe
aperta em preocupação
E A DEIXA COM
O CORAÇÃO NA MÃO.

Então a nobre senhora se lembra
da poesia do poeta Gióia Júnior.
Que ela o transforma em um mantra,
a famosa “Oração da maçaneta”.
Ela entra no quarto vazio do jovem e chora,
esperando que o travesseiro lhe console:
Por onde anda meu filho agora?
Aquele das minhas entranhas,
Que o povo o chama de “noia”.
Por onde anda meu filho desgarrado
Aquele todo querido que se perdeu nas drogas
Será que sou eu que sou a culpada?
Será que eu que o ensinei errado?
Enquanto a maçaneta não cantar
E a porta não abrir e fechar
E o molho de chave não tilintar
E o batucar dos passos não ouvir
A orquestra estará incompleta
E O MEU CORAÇÃO
ESTARÁ NA MINHA MÃO...
Ainda não poderei dormir,
e nem poderei descansar.








Nota: Quero desejar um feliz dia das mães. Porém esse dia não consegue resumir o quanto elas valem. Parabenizar também a minha mãe e minha esposa. Quero deixar esta homenagem (de reflexão) às mulheres guerreiras que são as mães de um usuário de drogas. Aqueles que se entregaram as drogas e se tornaram um zumbi. Que muitas das mães já perderam a esperança. Mas como são mães, nem toda a esperança.

Para quem ainda não ouviu a poesia da Oração da maçaneta
do poeta Giógia Júnior:

https://youtu.be/3W1jgIIRd0k