AS APARÊNCIAS ENGANAM

Outro dia, sentado à beira da calçada, onde eu sempre paro para dar uma breve pausa para o descanso, algo me chamou atenção.

Uma criança, uma jovem criança, me olhava fixamente e delicadamente além de me presentear com um lindo, suave e estonteante sorriso. Naquele momento, eu não consegui entender o que aquela criança, tão singela e tão inexperiente 'viu' em alguém como eu.

Naquele momento eu fiquei sem reação, mas continuei com meus pensamentos.

Então, continuei a pensar em minha tão sofrida jornada, até aqui.

Me lembrei do tempo de escola, quando fiz o colegial.

Eu era tão inexperiente, tão sonhador, tão imaturo.

Mas eu era feliz, ou pelo menos pensei que fosse.

Naquele tempo, poucas pessoas me observavam.

Mesmo havendo muitas pessoas no colégio.

Eu me sentia solitário, triste e sozinho, assim como agora!

Terminei o ginásio, fiz faculdade, mesmo assim me sentia incompleto, abandonado pelo mundo, pela vida, por mim mesmo.

Mesmo sendo adulto e socialmente bem estabelecido, profissionalmente bem posto no 'mercado de trabalho', eu me sentia o ser mais incompleto do mundo.

As aparências enganam.

Tudo era ilusão, para mim pelo menos.

Hoje, tudo ao meu redor seria mentira; nada seria verdade se não houvesse encontrado o verdadeiro amor que me faz sentir vergonha de quem fui, de quem tentei ser...

Às vezes, muitas vezes, quem é de fora não vê e/ou não sente o que eu sentia dentro de mim.

Um dia, cabisbaixo e solitário, parei para escrever esta história que estás lendo agora.

Luiz Saraiva
Enviado por Luiz Saraiva em 03/11/2020
Reeditado em 03/11/2020
Código do texto: T7103112
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