No Meio-Fio do Fim.

Jogaste no lixo os planos, os beijos, o riso,

Mas teu cheiro ficou feito sina no ar.

A ferida virou meu abrigo, meu vício,

Amar-te doeu, mas do peito não dá pra arrancar.

O amor nos deixou sem fazer despedida,

Sumiu pela porta sem sequer acenar.

E eu, no meio-fio da minha própria vida,

sem entender, continuo a me perguntar...

Se foi descuido, desgaste, rotina ou castigo,

Ou se o amor só cansou de tentar.

Talvez fomos afago, mas não abrigo,

Dois corpos morando onde não havia lar.

Me pergunto onde foi que a gente se perdeu,

Se no profano ou no sagrado do sentir.

Meu peito grita, mas minha boca emudeceu,

Finge riso, enquanto a alma só quer fugir.

Você foi presente, remédio, agora é punhal.

Causa e efeito do meu próprio abismo.

Dependi do teu amor, tão febril, tão fatal,

Agora sou silêncio no teu próprio egoísmo.

Nostalgia é prisão de sonho inventado,

Fantasia que cega, que prende e disfarça.

Ficamos em nós até nos ver exaustos...

Agora só restam lembranças e saudade que não passa.

Taís Rocha Silva
Enviado por Taís Rocha Silva em 13/05/2025
Reeditado em 18/05/2025
Código do texto: T8331332
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