Quero cursar mestrado: o que faço?

Wilson Correia*

Todos os dias recebo uma média de três consultas sobre como proceder para entrar num programa de mestrado. Para tentar auxiliar aqueles que estão pensando em fazer esse curso, seguem algumas dicas genéricas sobre o assunto.

1. Para ingressar num programa de mestrado não é necessário ter feito especialização, como, legalmente, não há exigência do diploma de mestrado para ser admitido no doutorado.

2. Para se candidatar como mestrando, é vital que o candidato tenha um projeto interessante e que valha uma pesquisa científica, especificando: tema/assunto, objetivos que se quer alcançar com a pesquisa, problema a ser pesquisado, hipóteses ou questões norteadoras da pesquisa, justificativa que esclareça a razão pela qual é importante fazer a pesquisa, metodologia que será usada na abordagem do objeto problematizado, possíveis resultados a serem obtidos, cronograma e bibliografia inicial usada para a elaboração do projeto.

3. Compor um bom Currículo Lattes, o mais variado possível, que é online e que, após cadastro, pode ser preenchido e alimentado no sítio do CNPq.

4. Com projeto e bom currículo (rigorosamente comprovado), estudar os programas de mestrado existentes (de preferência, públicos) nos quais o projeto de pesquisa se encaixa.

5. Identificar no interior do programa o grupo e a linha de pesquisa, bem como o provável orientador, que acolherão o projeto ao longo da realização da investigação, não deixando de observar o regimento interno do programa, normalmente disponibilizados nas páginas dos mesmos, atentando principalmente para suas normas e prazos. Inclui, aqui, a questão do idioma estrangeiro: alguns programas o pedem como requisito para a admissão; outros pedem que o exame de proficiência em língua estrangeira seja feito no decorrer do curso. É caso de observar o que o seu programa pede e se preparar bem.

6. Ter gosto pela pesquisa, paixão pelo tema/problema motivador do projeto. Ainda que não seja um caso de amor, pense: se casamentos com amor já são complicados, imagine aqueles que acontecem sem este cimento relacional: o da paixão pelo que será feito? Já dizia Roberto Freire, o psicanalista: "Sem tesão não há solução".

7. Gostar "de" e "ter jeito para" produzir material científico: comunicações, artigos, eventos, entre muitas outras produções que serão propostas no decorrer do curso.

8. Candidatar-se formalmente a aluno do programa escolhido, seguindo as regras regimentais do programa escolhido.

9. Bolsas são oferecidas no pós-entrada formal no programa (pela CAPES e outras agências) e, normalmente, vão para quem apresentar os melhores currículos.

10. Se você inclui o mestrado como componente do seu projeto de vida, vale para tentá-lo o mesmo que vale para um atleta que quer a medalha de ouro: foco, dedicação, interesse, envolvimento, ralação e paixão, muita paixão pela coisa - do contrário, não renderá.

Bom, de início, são essas dicas que tenho passado a todos que me perguntam sobre o assunto.

O ideal mesmo é ir à própria instituição, ou contatá-la diretamente, procurar o coordenador do programa e conversar com ele. Nada substitui uma consulta direta com quem faz o programa de interesse e o vivencia cotidianemente.

Boa sorte, sucesso, luz e paz a todos que planejam passar por essa etapa de formação acadêmica.

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*Wilson Correia é filósofo, psicopedagogo e doutor em Educação pela Unicamp e Adjunto em Filosofia da Educação na Universidade Federal do Tocantins. É autor de ‘TCC não é um bicho-de-sete-cabeças’. Rio de Janeiro: Ciência Moderna: 2009. Endereço eletrônico: wilfc2002@yahoo.com.br