Satã, será ele nosso maior adversário?

Em algum lugar do passado estampa-se a história de Lúcifer, o anjo invejoso que quis tomar o lugar de Deus. Miguel, um dos arcanjos do Todo poderoso, tratou de liderar a expulsão do rebelde Lúcifer do paraíso.

Embora alguns estudiosos da bíblia não concordem, Lúcifer, o anjo decaído, é aquele que hoje denomina-se Satã.

Curiosamente, Lúcifer quer dizer: o portador da luz, e Satã vem do hebraico satan, que quer dizer: adversário.

Muitos acusam Satã de ser o mais ardente adversário da espécie humana, maquiavélico, costuma encaminhar os incautos ao caminho das trevas.

Contudo, tenho um amigo que costuma absolver Satã dessas acusações ao afirmar que somos os nossos maiores adversários, e não ele, Satã.

Sim caro leitor, e somos obrigados a concordar com o amigo, embora pareça incoerente, afinal, como posso ser meu maior adversário se sou sempre o mais interessado em minha felicidade.

Entretanto, sua afirmação é verdadeira, não há incoerência quando se diz que somos sempre os maiores entraves a nosso sucesso.

Para termos uma idéia como isso funciona, basta uma breve observação na postura que temos no cotidiano.

Dia desses, entrei em um supermercado, me dirigi à padaria e pedi para falar com o responsável por aquele setor. A pessoa que me atendeu ficou aturdida, e começou sua saraivada de perguntas:

- Fizemos alguma coisa errada? O senhor não gostou dos pães? Quer fazer sua reclamação por escrito?

Disse à ela:

- Mas quem disse que quero reclamar? Quero é fazer um elogio; vocês estão todos de parabéns, o pão está cada dia mais delicioso!

Ela, com os olhos arregalados, não queria acreditar no que eu dizia, e assim, questionou:

- O senhor está brincando ou falando sério?

Deu-me a impressão de que intimamente ela torcia pelo seu próprio insucesso.

Muitas vezes nos tornamos nosso próprio adversário ao acalentar a idéia de que somos incapazes de fazer algo de bom, um trabalho digno ou mesmo uma atitude louvável.

Alimentamos a imagem de coitadinhos ao desenharmos nas telas do universo a versão de que somos inaptos a brilhar nos palcos da vida.

Somos nossos maiores adversários ao acreditarmos que não merecemos um elogio sincero por um trabalho bem realizado.

Somos nossos maiores adversários ao não assumirmos responsabilidades, e colocarmos à culpa de nossa desdita em ombro alheio.

Somos nossos maiores adversários quando deixamos de promover a melhoria contínua em nosso comportamento, somos nossos adversários quando perdemos tempo precioso de nossa existência com querelas e picuinhas que apenas abastecem o repertório de inutilidades.

Somos nossos adversários quando alimentamos rixas infrutíferas com aqueles que nos rodeiam.

Somos nossos maiores adversários quando nos comprazemos em semear a discórdia, distribuindo aos quatro ventos a maledicência.

Somos nossos maiores adversários quando agimos com imprudência, não respeitando os limites de velocidade no trânsito.

E, sobretudo, somos nossos maiores adversários quando desrespeitamos as pessoas e seus sentimentos.

Por isso, caro leitor, se faz imperioso que façamos amizade com nós mesmos, a fim de que sejamos felizes e tenhamos uma existência plena, sem grandes adversários a nos atrapalhar o caminhar existencial.

Pensemos nisso.

Wellington Balbo
Enviado por Wellington Balbo em 10/01/2007
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