CARTA AO PAI

Devemos sempre considerar nossos pais muito mais importantes que a gênese da sociologia euclidiana.

Nossos pais estão muito acima das veleidades inconsistentes da sociedade cada vez mais psicodélica.

Graças à experiência paterna, sentimos a consciência da nação brasileira em seu multiforme conjunto.

Meu pai, José Ribamar Cardoso, em sua faina como editor de Polícia deste jornal, não permite que sua página seja poluída por mestres em platonismo alexandrino e quixotescos hiperidealistas.

Ribamar Cardoso sabe, melhor que ninguém, que o consórcio da ciência e da arte, sob qualquer de seus aspectos, é hoje a tendência mais elevada do pensamento humano.

E, diferente do que pensa a oposição, Cardoso é um caboclo que tem sustância, sendo que um de seus interesses principais é acompanhar a formação das idéias sócio-políticas estabelecidas pelas plêiades positivistas.

Para concluir esta homenagem, reafirmo que, sem a presença de José Ribamar Cardoso em minha vida, nada disso que atende pelo nome de Ney Farias Cardoso teria sido possível.

E também não teria aprendido a escrever de acordo com o método Ribamar Fiquene. O que certamente é um dos três sinais de que o fim do mundo realmente está mais próximo do que imaginamos.

DANIEL MENDES
Enviado por DANIEL MENDES em 30/09/2005
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