A amizade de mão única

Há amizades que são como ruas movimentadas, com trânsito nos dois sentidos, onde a troca é constante e o carinho se move em ambas as direções. Mas há outras que são becos sem saída: você entra, oferece o melhor de si, e quando precisa de retorno, encontra apenas o eco do seu próprio esforço.

Eu segui regando um jardim que só florescia para um lado. Eu mandava mensagens que morriam no silêncio. Eu celebrava vitórias sozinho, porque o outro nunca tinha tempo para a festa. E foi nesse exato momento que compreendi: eu não tinha um amigo, eu era apenas a plateia de um espetáculo que nunca foi para mim.

Amizade que não se alimenta, morre de inanição. E eu cansei de servir banquetes para quem nunca trouxe nem migalhas. A reciprocidade não é um luxo, é a base. E amizade de um só lado é como remar um barco com um único remo: você gira, gira, e nunca sai do lugar.

Então eu soltei o remo. Deixei a maré levar. Porque amizade de verdade não exige mendicância, não precisa de lembretes, não sobrevive de conveniência. Amizade de verdade é ponte, não abismo. É abraço, não fardo. É encontro, não desencontro.

E no dia em que parei de procurar, percebi que o silêncio que antes doía agora era liberdade. Porque quem se importa, aparece. Quem valoriza, cuida. Quem sente falta, procura. O resto… é apenas ruído de fundo.

Rudney Koppe
Enviado por Rudney Koppe em 01/03/2025
Código do texto: T8275079
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