Sempre escute a voz que vem de seu coração.

Arnaldo havia chegado em casa exausto e estava ávido por um relaxante banho, porém, após abrir a porta do carro, sentiu estranha vontade de ir até a casa do vizinho e lhe oferecer dez reais. Balançou a cabeça como se quisesse sacudir aquela estranha idéia. Ora, só podia estar ficando maluco, afinal, ele e o vizinho nem eram tão amigos assim, como ia chegar sem mais nem menos e lhe oferecer dez reais. Certamente o homem poderia se ofender, ou na melhor das hipóteses, gargalhar de sua iniciativa.

Todavia, a idéia teimava em ecoar em sua mente, fazendo inclusive seu coração galopar,era como se uma voz insistisse:

- Vá até lá, ofereça dez reais à seu vizinho, vá até lá.

Resolveu então bater palmas na casa ao lado. Logo surgiu o vizinho, fisionomia abatida, olhar triste, sequer perguntou o que ele queria, ficou apenas lhe fitando.

Então, Arnaldo puxou uma tímida conversa, após cinco minutos de bate papo, duas lágrimas escorreram pela face de seu interlocutor, que quase sussurrando lhe disse:

- Sabe, estou com minha filha caçula adoentada, febril, ela necessita de tomar um caro medicamento, entretanto, não possuo os recursos necessários para a aquisição, alguns amigos sabedores de minhas dificuldades colaboraram com certa quantia, mas ainda faltam dez reais, e infelizmente não tenho mais a quem recorrer, porquanto todos aqueles que guardo amizade sincera já colaboraram comigo, e não quero abusar.

Arnaldo então, emocionado com aquela história, tirou dez reais da carteira e estendeu ao vizinho, despediu-se e voltou para sua casa a fim de tomar seu relaxante banho, aliviado por saber que não estava ficando maluco, e feliz consigo mesmo por ter dado ouvidos à voz que vem do coração.

Freqüentemente nosso coração nos dá recados.

É como se uma voz sussurrasse aos nossos ouvidos pedindo-nos para prestar atenção ao mundo em nossa volta.

Não raro, sentimos vontade de telefonar a um familiar distante, a dar uma palavra animadora para um amigo, a visitar um enfermo, a sorrir para alguém.

Sentimos vontade de nos engajar em um trabalho voluntário, sentimos necessidade de um algo mais para nossa vida.

Todavia, muitas vezes não damos atenção para essa voz que vem do fundo da alma e ecoa nas acústicas do coração pedindo-nos atitudes em benefício de alguém.

É quando em lamentável indiferença, deixamos para depois o que poderíamos fazer agora. Não telefonamos ao amigo, não pedimos perdão, não colaboramos, enfim, deixamos o telefone do coração fora do gancho e ficamos impossibilitados de escutar suas vozes.

E com o passar do tempo, calejados pela experiência, verificamos que poderíamos ter feito muito mais e não fizemos, constatamos que deixamos de passar muitos momentos agradáveis por pura teimosia de não escutar a voz do coração que pedia a reconciliação.

Vemos que já não dá mais para telefonar ao amigo, abraçar o pai, beijar a mãe, afinal, o tempo já passou, as oportunidades também, o amigo já se foi, o pai não está mais lá, a mãe foi-se embora pelas portas da morte.

E bate aquela saudade, aquele aperto no peito...

- Ah, se eu soubesse que meu amigo se mudaria tão rápido, certamente teria aproveitado melhor os momentos à seu lado.

- Ah, se pudesse abraçar de novo mamãe! Que bom seria...

Mas a vida sempre pródiga, rica em oportunidades, está sempre a nos oferecer uma segunda chance, a cada minuto, um recomeço, a cada instante, o ensejo de ouvir a voz que vem do coração.

Por isso, caro leitor, para nossa felicidade e paz de consciência, se faz mister que nunca deixemos de escutar A VOZ QUE VEM DO CORAÇÃO.

Pensemos nisso.

Wellington Balbo
Enviado por Wellington Balbo em 19/01/2007
Código do texto: T352737