Nós

Os meus olhos alçaram voos ao sentir um nefasto corpo passando despercebido de mim pela praça da alimentação daquele supermercado. Mas antes mesmo que passasses em frente a mim, já te sentirá. Logo meus olhos tomou ângulos maiores e te segui. Como amei tal sensação. A de poder ver a tua imagem numa mobilidade feliz, bailando de um lado para outro, buscando algo e a conversar com ela.

Cheguei tão próxima, ao ponto de sentir a tua respiração. Tratei de pedir uma lasanha, onde você estava sendo atendido. Nem mesmo estava com fome. Tudo que queria era em silêncio poder está ali, no mesmo espaço físico, no mesmo momento, revivendo mais uma vez um pedaço do teu dia. Já não nos víamos a um bom tempo e há quase dois não nos tocávamos. Pude escutar a tua voz, como pude sentir que ficastes perturbado com a minha presença. Não olhastes pra traz, nem dos lados, mas sabias por certo que eu estava ali. Impus minha presença a ti, não procurei saber se era certo ou errado. Ela percebendo se aproximou de ti para protegê-lo do meu insistente olhar.

Pegaste o prato escolhido e seguistes à mesa. Eu peguei o meu para viagem e segui quase sem saber dar uma passada, até chegar à escada rolante. Desejei que você pudesse seguir-me com os olhos, como ter vivido como eu, toda nossa história de amor.

Éramos agora dois estranhos em volta a uma multidão de pessoas correndo por caminhos opostos, vivendo a sua própria vida.