Palavras do Boi-almiscarado.

“Não se deve brincar com certas pessoas, mesmo que elas mereçam” (Jerome David Salinger)

Olá. Eu sou o Boi-almiscarado, tenho coisas a dizer...

Eu sempre quis dar à fêmea que amo uma pedra “Obsidiana”. Ela ficaria ainda mais linda...

Vou te contar algo que dói mais do que ser atingido por um meteorito e ainda continuar vivo (vide Ann Hodges)

Você já deve ter se perguntado em algum momento por que certas pessoas fazem tanta falta no nosso dia a dia, nós temos laços que nos prendem a pessoas que já se foram, ou seres humaninhos que tentam ir sem saber que de certa forma continuam dentro da gente e a gente dentro deles... (Psiu, aqui é um Boi-almiscarado se sentindo humano e dando pitaco na complexidade das relações humanas)

É como na obra “O Caso dos Exploradores de Caverna” de Lon Fuller, a idéia de Roger Whetmore ainda vai gerar o enforcamento dos outros 4 amigos, mesmo que isso já tenha custado sua vida, mesmo que ele já tenha ido... As conseqüências sempre chegam...

Mas do que eu entendo? O que eu entendo sobre pessoas? Afinal, eu sou só um boi-almiscarado.

- A Sociedade e o Ventriloquismo humano pelo ponto de vista do Boi-almiscarado.

Você já sentiu como se estivesse com um Cangue no seu pescoço te fazendo ficar dependente dos outros para ser o que é? Deixa-me ser mais explicito. Você já sentiu como se estivesse com um Cangue pesando 15 quilos ao redor do seu pescoço e você se sentisse dependente da opinião dos outros... Dependente da aprovação dos outros para fazer algo?

Malditos Taoístas em vez de encontrar o elixir da vida eterna encontraram a pólvora e espalharam o Feng Shui, agora as pessoas devem centralizar a cama no quarto e não podem colocá-la no teto ou onde quiser se não bloqueia o fluxo do “chi”. Se eu fosse humano queria ter uma cama no teto ou em cima da casa, ou onde de preferência eu quisesse e ninguém ousasse dizer o que eu devo fazer.

As pessoas às vezes se sentem tão pressionadas, invadidas, constrangidas a cumprir uma meta de vida que não é delas, mas que sim é imposta pela sociedade, como por exemplo, ter filhos antes dos 30 anos, compor uma família de almanaque, ter um bom trabalho que ganhe consubstancialmente bem, ter a primeira casa própria, a segunda e contando... Você é obrigado pela sociedade a ter uma biografia sem manchas, ou pior, é obrigado a esconder as porcarias das tuas manchas e viver de aparência. Você é coagido a guardar teus planos pessoais, teus sonhos em uma gaveta e jamais realizá-los. É condenado a trancar teus projetos em um cofre e nunca mais tira-los de lá.

É tão difícil admitir que não é isso que você quer? E parar de agradar os outros?

As pessoas são pressionadas até ao ponto em que adoecem, Sylvia Plath retrata dessa maneira a depressão em “A Redoma de Vidro” de 1963, o mundo assume um direito que não tem de impor como eu devo viver e eu acato essa ordem e assim eu adoeço, assim eu me deprecio, assim eu entristeço, ora, é preciso partir da afirmação de que quando uma categoria de pessoas instituem um direito, suprimem o direito de outras categorias de pessoa, já diria Norberto Bobbio...

Você já reparou que na maioria das vezes as outras pessoas decidem por você o que você deve ser? Agora, se você disser a elas que os médicos persas usavam a bateria de Bagdá para cauterizar as amputações, o pessoal vai mudar de assunto rapidinho e vai começar a falar da vida alheia.

O homem é Sísifo e Sísifo é o homem... Acorde, você está prestes a tomar seu café e colocar seus fardos nos ombros e os levar até o cume, é obrigado a voltar no outro dia para buscá-lo e tentar mais uma vez, sabe que não vai conseguir carregá-lo, mas vai tentar outra vez, não tem fim, a não ser que o homem tenha fim. O problema é que diferente de Sísifo, você carrega pessoas nas costas e não uma pedra.

A Sociedade é o Panóptico de Jeremy Bentham, todo mundo te vigia de todos os lados para ver o quanto você é correto, ou apenas politicamente aparentemente e falsamente correto. Jura? Jura que você já sabe disso tudo? Por que ainda cede a pressão quando os bonitinhos dos familiares te pedem um Check-up da sua vida e você fica se explicando porque ainda insiste nesse casamento falido e nessa instituição furada? Ou por que ainda não deu os netos que seus pais esperam. Você se explica se desculpando ao mundo apenas para não desapontá-los... é óbvio...

A conjuntura social usa a Dermatoglifia para ter acesso a tua identidade genética e ter assegurado o direito coercitivo de agir sobre você...

A sociedade controla o que você fala em público, controla o que você fala em grupos sociais... a sociedade fala por você, fala usando a sua boca e mente que você tem voz... É como o ventriloquismo. A sociedade é administrador e moderador das tuas falas e da tua função social.

As câmeras de segurança que vigiam nossa vida são de carne de osso. (Pessoas)

Eu sou um Boi-almiscarado, será que vou ter que desenhar para você entender?

Até quando teus projetos, teus planos de vida vão ficar na gaveta esperando? Dentro de você há uma águia Prussiana, mas por fora você é apenas um psitacídeo preso na gaiola e servindo para a diversão das pessoas e pior, você é a diversão das pessoas que dizem que te amam. Você talvez seja o motivo do riso dos teus parentes nas rodinhas de conversa... Pelas suas costas, certo? Gilbert Keith Chesterton dizia o seguinte: A Bíblia nos ensina a amar o próximo e também a amar nossos inimigos provavelmente porque eles são as mesmas pessoas.

Você é um oximoro, você é um instante eterno...

Você não é Hoax (embuste)... Entenda!

“O que o público reprova em ti, cultive-o: é o que tu és” (Jean Cocteau), se eu fosse você escutaria o conselho de Jean Cocteau, até porque um amigo de Roland Garros tem sempre prestígio no que diz.

Quando Muhammad Ibn Nefzaui escreveu” O Jardim Perfumado” em 1410, ele dá a dica para que coloquemos “apelidinhos” carinhosos nos nossos órgãos genitais, nos nossos e nos de nossos parceiros como forma de aumentar a intimidade... O que você acha que a sociedade pensa disso? Dane-se o que a sociedade quer que você pense! Você coloca o apelido que quiser no seu órgão...

Humanos são seres complicados demais, são contra o aborto e a favor da pena de morte ou são contra a pena de morte e a favor do aborto... Preferem flores depois de morto do que em vida, mas quem é que quer flores depois de morto? Não seria melhor presentear com flores quando a pessoa ainda está viva?

Definitivamente é mais fácil ser um Boi-almiscarado, na verdade eu não sou nem boi, minha raça está mais para bode, ainda assim está mais fácil do que ser gente.

Antes de ir, deixo uma pergunta, você sabe quem foi Leopold Von Sacher-Masoch? Isso vai explicar muita coisa de porque esse prazer de se humilhar para agradar outrem.

"O mal existe no mundo não para criar desespero mas atividade" (Thomas Robert Malthus)

Eden Mendes
Enviado por Eden Mendes em 01/07/2019
Reeditado em 01/07/2019
Código do texto: T6685937
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