“RESPEITO E BONDADE”.
       
 
 
Dois homens de aproximadamente cinqüenta anos viviam numa casa, trabalhavam na mesma firma, ambos eram solteiros, porém, a personalidade de um, não tinha nada a ver com a do outro, eram trabalhadores e honestos, só os costumes eram muito diferentes, já que, um era muito religioso, quanto ao outro, era chegado numa gandaia... Gostava de tomar umas e outras, mas não era alcoólatra, costumava beber nas suas horas de folga.
Trabalhavam a semana inteira naquela construção, quando chegava o final da semana recebiam os seus pagamentos e seguiam para o supermercado para fazerem as suas compras e mantimentos, depois de comprarem o que precisavam, sobrava algum para guardarem... Ou fazerem o que desse na telha.
O religioso seguia na direção da igreja para fazer as suas orações, o outro seguia sozinho para algum lugar, onde houvesse bebidas e jogos... Mulheres livres ou coisas assim; no final da tarde o religioso estava chegando a sua casa, fazia comida e alimentava-se, tomava um bom banho depois ia ler a sua bíblia, quanto ao outro ainda estava na cidade fazendo o que tinha vontade de fazer.
Madrugada o amigo festeiro chegava um tanto alegre pelo efeito da bebida, mas o outro sabia que não devia palpitar, afinal, ambos eram livres.
O domingo amanhecia o religioso pegava a sua bíblia e seguia na direção do seu templo de orações, o outro ficava queixando-se da dor de cabeça provocada pela ressaca, depois de um banho seguia para um campinho de várzea para jogar o seu costumeiro futebol, quando voltava o seu colega já estava em casa, só aí os dois conversavam amigavelmente, mas nada de cobranças pelo comportamento do outro.
Era saudável a convivência daqueles dois homens... Os dois entendiam-se, quando um estava em dificuldade era sempre ajudado pelo outro, um não criticava o outro, quando um queria desabafar o outro estava sempre pronto para ouvir, mas limitavam-se a ouvir, jamais teciam algum comentário ou crítica ao outro, a menos que fosse solicitada.
Um belo dia o chefe resolveu demitir o companheiro que bebia, mas antes que ele fosse embora de uma vez o chefe colocou a mão na consciência, e foi ter uma conversa com o companheiro do demitido.
- Paulo... Eu demiti o Jorge para livrar você daquela má companhia... Você é um sujeito sensato, religioso, e não merece conviver com um bebum irresponsável, o que você achou da minha atitude?
- Chefe, eu acho que, o senhor pensou demais... Enquanto a despedir o Jorge, bem... É um problema do senhor, mas agora que o senhor citou o meu nome eu tenho toda razão de opinar, o Jorge não é nenhum irresponsável, muito menos um bebum, ele toma lá os seus goles, mas nas suas horas de folga, quando está no trabalho ele cumpre bem as suas obrigações, e além do mais, eu não tenho nem uma queixa dele não senhor; portanto, não houve motivos para essa demissão.
- Rapaz... Eu que pensei que você apenas aturava a presença dele, mas então você o considera seu amigo?!
- Sim senhor! Sou um religioso por que, sei que Deus é justo! E que religioso seria eu, se me considerasse acima do bem e do mau? Se eu acredito em Deus tenho que aceitar o mundo como ele é, as pessoas como elas são... Cada um tem que tomar conta do seu próprio corpo, o que ele faz, só faz mal para ele próprio, e paga caro com a ressaca do dia seguinte, não acha?
- Entendi Paulo, o que você escreveu nas entre linhas... Tanto entendi que, já tomei uma decisão.
Dizendo essas palavras o chefe seguiu a procura do demitido Jorge, para comunicá-lo que, ele não estava mais demitido.
Moral da história leitores, quanto mais correto formos nas nossas vidas, menos corrigimos as vidas alheias... Afinal, não somos nós quem descobre os nossos defeitos, somos sabedores por que alguém nos fala.
Eu sempre digo que, é possível conviver numa casa, um padre, um pastor evangélico, um rabino e um pai-de-santo; desde que, haja respeito e bondade entre ambos.
Eu penso assim.