Amealhar tesouros no céu

Era uma casa no penhasco. Muitos a achavam tenebrosa, mas eu a achava tão linda, tão imponente. Inúmeras vezes fiquei a contemplar o amanhecer no mar, o entardecer e o luar. Meu quarto, quando de janelas abertas, dava-me a exuberante natureza daquelas bandas. Havia muitos criados. A casa era na verdade quase um castelo, tamanha sua imponência. Meu pai era um conde. Viveu muitos anos e a muita gente feriu com seu orgulho e avareza. Eu, seguindo seus passos, também me tornei um tirano, mais pelo exemplo que pela vontade.

Queria mesmo viver uma vida amorosa, junto a Maria Helena. Porém, minha personalidade fraca, a afastar de mim, aquele anjo de pura bondade. E a vida, a nos ensinar, foi tirando pouco a pouco tudo o que possuíamos e não soubemos trabalhar para manter. Ao contrário, quase que escravizávamos nossos serviçais, exigindo deles muito mais do que pagávamos e eles foram indo, abandonando nossa casa e nos deixando só, eu e meu velho pai, que a velhice e a insanidade levou.

Então, me vi só, completamente só. Andava pela casa quase às escuras, sem alimento, sem aquecimento. Morri ali e fiquei por muitos anos perambulando na casa que estava cheia de habitantes das trevas que lá fizeram morada. Mas, como Deus Pai não nos abandona, fui socorrido por bondosa senhora que veio em meu auxílio. E, irmãos, o que tenho a dizer, não desperdiceis os momentos que tendes para viver e prosperar no bem. Muito tempo perdi com mesquinharias sem juntar meus bens no céu.

Antes, em enormes dívidas me meti por não aproveitar o dom da saúde perfeita para aprimorar no bem e elevar meu padrão espiritual. Venho e digo, não percais tempo para fazer o que for preciso a fim de amealhar tesouros no céu. O senhor prepara nossos caminhos, não vos desvieis. Mesmo que as penas sejam duras, persevereis. Sempre tereis ajuda, não desanimeis!