“Pelo que guardareis os meus mandamentos e os cumprireis. Eu sou o SENHOR. Não profanareis o meu santo nome, mas serei santificado no meio dos filhos de Israel. Eu sou o SENHOR, que vos santifico, que vos tirei da terra do Egito, para ser o vosso Deus. Eu sou o SENHOR.” [Lv 22: 31-33]

 

Este e muitos outros textos da Bíblia em que o próprio Deus revela a Sua vontade para com o Seu povo quanto a que deve ser um povo santo, não é em decorrência de ser uma imposição despóstica pela qual os obrigará a serem santos mesmo contra a vontade deles. 

Deus é perfeito em amor, verdade, justiça e liberdade, e a ninguém jamais obrigou ou obrigará a amá-Lo, o que se aplica até mesmo aos anjos. É como alguém que não se casará com quem não ama e por quem não é amado.

Reis terrenos podem obrigar pessoas a servirem ainda que contra a vontade delas, e podem tomar esposas e concubinas sem amor, mas isto jamais ocorrerá com a santa majestade dos céus.

Jesus é totalmente desejável para aqueles que foram atraídos até Ele, por Deus Pai, para poderem ser salvos e reconciliados com Ele.

Há uma escolha voluntária e amorosa que parte de ambas as partes, e como a escolha do amor deve ser livre e de coração, e como o perfeito amor impõe a necessidade de perfeição na justiça e na verdade, daí decorre que precisamos ser santificados para podermos ter o nosso amor aumentado.

 

Este aumento de amor deve acontecer não apenas no sentido espiritual do crescimento na graça e no conhecimento de Jesus, como também no que se refere ao servir uns aos outros em amor, fazendo todas as coisas por amor ao Senhor e aos eleitos. Nisto temos várias ordenanças na Palavra de Deus para serem atendidas, sobretudo em relação aos domésticos da fé.

Deus cuida de nós em todo o tempo com ações práticas, e assim também devemos ser ricos em boas obras.

"15 Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano,

16 e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?

17 Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta." [Tg 2: 15-17]

 

"17 Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?

18 Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade." [I Jo 3: 17, 18]

 

"Fiel é esta palavra, e quero que, no tocante a estas coisas, faças afirmação, confiadamente, para que os que têm crido em Deus sejam solícitos na prática de boas obras. Estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens." [Tt 2: 8]

 

"Agora, quanto aos nossos, que aprendam também a distinguir-se nas boas obras a favor dos necessitados, para não se tornarem infrutíferos." [Tt 2: 14]

 

"Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras." [Hb 10: 24]

 

Agora, além de tudo isto deve ser considerado que há a realidade espiritual de que aquele que ama o mundo não pode ter o amor de Deus operando nele. O amor ao mundo é inimizade contra Deus, de modo que não é possível ser movido neste amor caso o coração não seja totalmente do Senhor.

Ninguém fará boas obras reais que sejam do agrado de Deus, caso ame o mundo. Ainda que distribuíssemos todos os nossos bens aos pobres, mas não temos o amor de Jesus reinando em nosso coração em amor, nada disso nos aproveitará, conforme dizer do apóstolo Paulo em I Coríntios 13.

É preciso negar-nos a nós mesmos, tomarmos a nossa cruz, seguirmos Jesus diariamente, renunciar a tudo o que somos e temos por amor a Ele, pois em caso contrário quem prevalecerá em nós será a carne, o velho homem, o pecado, e não o fruto do Espírito Santo.

 

O fato de termos sido livrados da escravidão do pecado, pela nossa compra para pertencermos a Deus, efetuada pela obra que Jesus realizou na cruz, implica automaticamente que devemos dar testemunho do Seu santo nome em vidas santificadas pelo Espírito Santo - para e por isto teremos muitas tribulações neste mundo, as quais são apontadas por Deus para nós, visando o nosso aperfeiçomento e capacitação para a referida obra de proclamar o evangelho.

O apóstolo Paulo se referia a isso, quando disse aos crentes filipenses que eles não haviam sido chamados somente para crer em Jesus, mas também padecer por Ele, conforme a concessão da graça que receberam do Senhor.

São suas palavras em [Filipenses 1: 27-30]:

27 Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo, para que, ou indo ver-vos ou estando ausente, ouça, no tocante a vós outros, que estais firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica;

28 e que em nada estais intimidados pelos adversários. Pois o que é para eles prova evidente de perdição é, para vós outros, de salvação, e isto da parte de Deus.

29 Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele,

30 pois tendes o mesmo combate que vistes em mim e, ainda agora, ouvis que é o meu."

 

Agora, tudo isto somente pode ser feito por meio de nossa obediência a Jesus, em santidade, pela manifestação do Seu poder em nós, dando-nos uma disposição e inclinação santas, porque;

1. Somos obrigados a professar que a vida de Cristo é nosso exemplo.

Somos chamados em primeiro lugar a professá-lo, e todo cristão, virtualmente faz essa profissão.

Nem uma pessoa toma esse santo nome sobre si mesma, sem que faça da vida de Cristo o seu modelo, que é seu dever expressar em sua própria vida.

Aquele que assume o Cristianismo em quaisquer outros termos, lamentavelmente engana sua própria alma.

Como então, podemos obter uma receita de glória nisso?

Como podemos dar testemunho da santidade de Sua vida contra as blasfêmias do mundo e a incredulidade da maioria, que não tem consideração por isso?

Isso pode ser feito em qualquer outra forma que não seja pela santidade de coração e vida, pela conformidade com Deus em nossa alma, e viver para Ele em obediência frutífera?

 

Os homens podem conceber um expediente mais eficaz para lançar vitupério sobre Cristo, do que viver em pecado, seguir desejos e prazeres diversos, preferir o mundo e as coisas presentes antes da eternidade, e enquanto isso professam que a vida de Cristo é seu exemplo, como todos os professantes profanos e cristãos fazem?

Não é para testemunhar com o mundo contra Ele, que na verdade Sua vida era profana?

Certamente, é chegada a hora dessas pessoas deixarem o nome de cristão, ou a vida de pecado, porque é apenas em conformidade com Cristo na santidade que buscamos, para que possamos dar-lhe qualquer glória por causa de Sua vida, sendo nosso exemplo.

 

2. Não podemos dar-lhe glória, a menos que prestemos testemunho de Sua doutrina que é santa, celestial, cheia de sabedoria e graça divinas, tornando-se assim nossa regra, e sendo cada vez mais transformados pelo processo de santificação, para que sejamos cheios do Espírito Santo.

E, não há outra maneira pela qual isso possa ser feito, a não ser por santa obediência, expressando sua natureza, finalidade e utilidade. [Tt 2: 11,12]

Sua doutrina é espiritual, celestial, misteriosa, cheia de princípios e atos do mesmo tipo daqueles pelos quais nossa comunhão com Deus será mantida em glória por toda a eternidade.

 

Agora, a vida de santidade evangélica é secreta e oculta em seu princípio, forma, e atos principais, escondida com Cristo em Deus dos olhos do mundo, para que os homens deste mundo não vejam, conheçam, nem discirnam a vida espiritual de um crente em seu ser, forma e poder - no entanto, sempre há frutos aparentes e evidentes da vida espiritual, que são suficientes para sua convicção de que sua regra é somente a doutrina de Cristo; santa, sábia e celestial.

Multidões em todas as épocas foram conquistadas para a obediência do evangelho e fé em Cristo Jesus, pelo santo, fecundo, útil modo de vida daqueles que expressaram o poder e a pureza de sua doutrina nessa forma.

 

3. O poder e a eficácia da morte de Cristo para outros fins, também são exigidos - para assim "nos purificar de toda iniquidade" e "limpar nossa consciência das obras mortas, para que possamos servir ao Deus vivo."

O mundo, às vezes, se eleva a tão alto orgulho e ateísmo desdenhoso, a ponto de desprezar toda aparência e profissão de pureza. Mas, a verdade é que se não formos limpos de nossos pecados no sangue de Cristo, se não somos purificados da iniquidade, por Ele, então somos uma abominação para Deus, e seremos objetos de Sua ira para sempre.

A santificação produz em nós um real ódio e rejeição a todo tipo de pecado, e amor a tudo quanto é santo, justo e verdadeiro. Estas realidades espirituais são produzidas em nós pela operação direta do Espírito Santo, na medida em que caminhamos em obediência à vontade de Deus, buscando sempre conhecer qual seja a Sua vontade para nossas vidas.

 

Qualquer que professe ser cristão, isto é, um discípulo de Jesus Cristo seguindo o exemplo de Sua vida, obedecendo Sua doutrina, expressando a eficácia de Sua morte; e ainda continua em uma vida profana, então é um falso traidor de Cristo que dá seu testemunho do lado do mundo contra Cristo, e tudo o que Ele tem feito por nós.

Na verdade, é a vida infeliz de professantes cristãos que trouxeram a vida, doutrina e pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo em desprezo no mundo.

Eu aconselho a todos os que lerem ou ouvirem sobre essas coisas, a estudar diligente e cuidadosamente o evangelho, para que recebam dele evidências do poder, verdade, glória e beleza de Cristo em seus caminhos.

 

Os homens pensarão que podem viver na sensualidade, orgulho, ambição, cobiça, malícia, vingança, ódio de todo bem,  desprezo pela pureza, e ainda desfrutar a vida, imortalidade, e glória de Cristo?

Quem pode lamentar suficientemente os efeitos terríveis de tal horrível paixão?

Deus ensina a todos, a considerar devidamente que toda a glória e honra de Jesus Cristo no mundo, com respeito a nós depende da nossa santidade, e não de qualquer outra coisa que somos, temos ou podemos fazer!

 

Se temos algum amor por Cristo, qualquer faísca de gratidão por Seu amor indizível, graça, condescendência, sofrimentos e seus frutos eternos; qualquer preocupação ou desejo por Sua glória e honra no mundo; se não desejamos ser encontrados no último dia como os traidores mais odiosos de Sua coroa, honra e dignidade; se temos qualquer expectativa de graça ou vantagem por Ele, aqui ou no além - então vamos trabalhar para ser santos;

"... tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento". [1 Pe 1: 15]

“... a fim de ornarem, em todas as coisas, a doutrina de Deus, nosso Salvador”. [Tt 2: 10]

“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”; [1 Pe 2: 9]

“... cresçamos em tudo, naquele que é a cabeça, Cristo”,  [Ef 4: 15]

“Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda criação.” [Cl 1: 15]

 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 18/11/2021
Reeditado em 23/02/2022
Código do texto: T7388528
Classificação de conteúdo: seguro