POETRY
A poesia
Onde está?
Se não na poeira do nada
Em qualquer lugar.
Vejo-a nos mais diversos cantos
Exalando em prantos e sorrisos
Desde o meu espanto
Até seu súbito submisso.
Nos dribles do jogador
Que faz um gol ao fim do jogo.
Está no fascínio do logro
Obtido sem engodos.
Nos filhos do descaso
Abrigados abaixo dos viadutos.
Esta vívida na carne
Das feridas do vasto mundo.
Desinibida e suja
Ora límpida e contida
Nem culpa católica
Nem mão estendida.
Surge e ressurge
Adstrita da ótica que lhe fita.
Das igrejas aos bares
Clarão dos cumes d'onde a vida.
Por vezes rude e revel
Dai-me a fome
E edifica
Inspira, acalma, e cria.
Aos poetas
Vem-nos
Na forma de um abraço
Ora enxovalho:
Rastro lancinante de inspiração.
Inspiração.
Assim afamada
Pra alguns, energia
Pra outros, tesão.
Grita-lá não a evoca
Tens vontades próprias
Como o vento seco
Que move os moinhos.
Abriga-se nos vãos
De entre inferno e céu.
A vertigem dos dias
Das noites
O véu.
Abstração necessitada
De fazer-se concreta a partir
De seu receptáculo: Um outro eu
Volúvel ao seu oráculo.