NA VOCAÇÃO, O POETA...
Senta o poeta
e escreve sobre os grãos de poeira
que embotaram sua bota,
registra os sentimentos trazidos
pelas gotas da brisa que molhou o paletó,
descreve sensações causadas
pela temperatura do chapéu gélido
que lhe toca as nuas mãos,
fala sobre o perfume da flor
que delicadamente usou
para enfeitar os cabelos da donzela...
foge-lhe a alma,
queres seguir a poesia...
eis a força das inspirações
que o dominam,
somam-se ideias
que em sua mente contagiam,
nos pensares sem pesares,
companhias e lugares
tocam-lhe a alma
que agora foge.
Fica minh'alma!
Traz consigo o poder da poesia!
Para que o pó, a gota e o perfume
não me sejam frios.
Para que meu mundo esteja cheio
de pássaros e assovios.
Para que não falte alegria ao coração,
nem se perca a canção:
que memorizo atravessando o rio.