Perdido
Perdi-me na poesia
Pode parecer coisa pouca
Mas de pouco nada tem
Todo dia paro um perdido
Pergunto para onde vai
Os mais perdidos entre os perdidos
Em prantos praguejam “oh, poesia”
São as portas da poesia
Pois que porta sempre torta
Quando o patife nota
Desemboca numa biboca
Bota brejo, braço e bruma
Tudo no mesmo barco
Abocanha o belzebu
Bate na porta do padre
Pede passagem
Sem nem boa tarde
Busca sua benção
Balança o berço
E o bebê boceja
Pois lá no passado
Pairava um suspense
Mas essa peleja
Pergunte outro dia
Pois só de pensar em poesia
O passo fica apressado
O coração palpita
O pensamento divaga
Por isso
Peço perdão
Pois
Perdi-me na poesia