O tempo & o poema
O tempo
não cabe numa sílaba.
O tempo
depõe com sua lâmina
o que na palma atônita
é areia perdida a cada dia.
( Escrever quando o azul me arrebata
a janela, o pássaro efêmero
escrever, repito com estes dedos
que já tocaram a manhã
me livrará do esquecimento?)
Ando,
secreto e de olhar vago
sobre a linha essencial.
Aqui porei memória, o cantar
sem regresso, os rostos que já fui e aqueles tão distantes.
Mais que a fotografia, o verso
terá sua aura e o morno afeto
daquilo que, descuidado,
para sempre escorreu.
O tempo
despreza o poema.
E indizível faz a palavra de minha procura
E inócua faz a imagem do que foi ventura.
***** ******* ******* ******** *********
Interação preciosa com o poeta Jacó Filho, sempre gentil:
O dom da eternidade,
A poesia é portadora.
No futuro, se não fora,
Reconhecem qualidades...
JACÓ FILHO
(Forte abraço, mestre Jacó!)