O tempo & o poema

O tempo

não cabe numa sílaba.

O tempo

depõe com sua lâmina

o que na palma atônita

é areia perdida a cada dia.

( Escrever quando o azul me arrebata

a janela, o pássaro efêmero

escrever, repito com estes dedos

que já tocaram a manhã

me livrará do esquecimento?)

Ando,

secreto e de olhar vago

sobre a linha essencial.

Aqui porei memória, o cantar

sem regresso, os rostos que já fui e aqueles tão distantes.

Mais que a fotografia, o verso

terá sua aura e o morno afeto

daquilo que, descuidado,

para sempre escorreu.

O tempo

despreza o poema.

E indizível faz a palavra de minha procura

E inócua faz a imagem do que foi ventura.

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Interação preciosa com o poeta Jacó Filho, sempre gentil:

O dom da eternidade,

A poesia é portadora.

No futuro, se não fora,

Reconhecem qualidades...

JACÓ FILHO

(Forte abraço, mestre Jacó!)

Rodrigo C Pereira
Enviado por Rodrigo C Pereira em 23/08/2019
Reeditado em 29/08/2019
Código do texto: T6727102
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