Escombros e Fumaças

Estou no pararelo da língua,

Na curva das letras,

No contorno das palavras.

Estou no impasse das vírgulas,

E nos corredores dos pontos.

 

 

Estou em silêncio de corpo,

Silêncio de alma em fusão,

Nos redemoinhos do mar,

No walkman das conchas,

Nas passadas longas da areia branca,

Na contrução dos castelos improvisados.

 

Estou nas curvas dos pés,

Na dor da unha cravada,

A cortar o medo com ácidos e refluxos,

Das palavras torpas e obsoletas

Sem nexo, sem reflexo, sem aço,

Desgovernadas.

 

Nas diagonais das estrofes meus versos,

Se contorcem na versão dos dedos,

No jogo da língua emaranhado de palavras,

Intrigas, casos brancos, livres, linhas ricas

E o expressionismo no teto da áurea.

 

No balanço quente das rimas o corpo me sacode.

Trago a poesia do walkman das cadeias.

Largo os carros frenéticos a soltar gás tóxicos

E me embriago na linguística de Suassure.

 

Verbos, adjetivos ,substantivos subjetivos

Nos becos das manhãs do sábado.

Eu canto o lírico de Camões, vivo,

Nas noites em que viajo pelo mundo.

Vivo como ser grintante de praças e risos.

 

Para abrasar às perdas das terras tão queridas

Choro com o disco de Gardel e a viagem de Jacques Brel no lamento da perda do amor.

Vou à Bahia e canto Caetano Veloso,

ah! se canto, encanto.

 

Acorde-me quando tudo acabar,

Estarei pronta pra dançar uma valsa,

Escrever um poesia, compor uma música,

Cantar cantar cantar

 

Deslumbrar-me com o jardim do éden.

Palavras cortadas pela gagueira são ouvidas

Sentidas e no cantar são perfeitas.

Os mudos falam a língua dos sábios,

Os cegos tocam o futuro.

 

Eu sinto o trem na fumaça das horas.

Remember to mail that letter

Remember me to go on about

What's going on here?

 

Nos hifens se instalam o antes e o depois,

És o abominável medo na tirada do dente siso,

Eu corto o medo com a navalha de aço.

E sigo