O fruto do chão.

O que há por dentro de mais profundo e inexplorado.

É colocado para fora com a visão distorcida pela intensidade.

Tenta-se viver as pequenas alegrias de um dia elaborado.

Confia-se no senso próprio de distinguir o que é real do que são falsas promessas.

Mas se esquece que a confiança é uma série de passos no escuro onde quem traz a luz nem sempre entende o seu papel.

A sombra de quem guia se emenda com a nossa própria.

E se torna impossível não gerar as tais das expectativas.

Pois todo ser respirante nasce com a esperança em si e pelo próximo.

É contra nossa natureza imaginar uma vida sem decepções.

São professoras da mais importante matéria: o saber se manter vivo.

Pois cada fruto que cai serve de alimento para um passarinho atento.

O passarinho não entendia porque os melhores frutos pareciam ser os machucados do chão.

Mas sentia a urgência da fome e decidiu se alimentar por ali.

Bem nutrido então pelas adversidades, ele entendeu que continuar era preciso.

Mesmo que seu tórax não conseguisse ainda expandir totalmente o ar inspirado.

Mesmo que desejasse encontrar o fruto que lhe encaixasse melhor no bico.

Alçou vôo oscilando entre a incerteza de seus próximos passos e o medo de não identificar o seu fruto ideal quando o encontrasse.

Veio então em sua mente um ensinamento de um sábio amigo:

-Antes feito do que perfeito.

Sorriu pela lembrança e notou que não importava o que já tinha passado: suas asas eram fortes o suficiente para o levarem para qualquer caminho que decidisse seguir.

Angela MT Melo
Enviado por Angela MT Melo em 14/12/2017
Reeditado em 14/12/2017
Código do texto: T6198454
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