Assertivo, apenas!

 

Microconto

 

          Certa ocasião, durante um final de noitada, Gentuílo foi surpreendido por uma pergunta muito fora da curva, feita por seu sogro. "Me diga aí, meu genro: você acha que eu fiz a coisa certa... falo da minha vida?". Era hora de dar o troco. O velho não exercia pressão alguma sobre a vida do casal, mas mesmo sem dizer uma única palavra sobre o assunto, seus olhares e conversas lhe davam um certo desconforto. Mas o que dizer a ele. Não havia nada a ser contestado como profissional, como pessoa ou como chefe de família. Quatro filhos "formados", bem empregados e todos de ótima índole... Que falar para desabonar aquele homem, que além de tudo ainda lhe tinha presenteado com aquilo que era a coisa mais importe para si, sua esposa? Mas a birra falava mas alto... não podia encher a bola do sogro. Tinha que ser, no mínimo, mesquinho um pouquinho. Já ensaiava algumas palavras quanto foi inquerido. "E ai, meu genro! Ficou sem palavras para falar do sogrão aqui?... O que você acha que fui?" Depois de quase um minuto de silêncio absoluto saiu a primeira e única palavra de Gentuílo, naquele diálogo: "Assertivo!" Disse e desviou o olhar balançando a cabeça em um movimento ambíguo de afirmação e negação. Quase repetiu acrescentando "...apenas!". Quase!

 

Embora totalmente fictício, este conto guarda uma certa similaridade com um diálogo real

havido entre Dr. Antônio Paulo dos Santos e um de seus genros, há quase quinze anos.

Dr. Paulo faleceu no dia 13 de setembro, há onze anos.

Minha homenagem póstuma, nesta data. 

 

 


Outras homenagens ao Dr. Paulo:

Cordel Brilho Multi-cor

Soneto Estrela de Primeira Grandeza