Parem de lutar

Sentado no chão de uma das celas do centro de internação em Panmunjom, Elmer Scott explicava aos seus companheiros do US Army porque não pretendia aceitar a oferta de repatriação, recém-estabelecida pelo armistício firmado entre EUA, China e Coreia do Norte. Foi interrompido pelo sargento Wilmot, maior patente entre os prisioneiros de guerra presentes.

- Ficou maluco, Scotty? - O sargento era o mais irritado com a situação. - Agora que fizeram um cessar-fogo e estão repatriando os prisioneiros, você vai se recusar a voltar pra casa?

Scott sequer encarou o sargento para responder.

- Sargento, estou cansado de lutar. E, particularmente, de lutar guerras sem sentido. Quem inventou a atual, amanhã inventará outra em qualquer canto do mundo, seja lá sob que pretexto for. Nós somos dispensáveis, sargento; somos peças que podem ser trocadas e substituídas. Pode ter certeza de que não farei falta ao meu país.

- Está bem, você pode ser substituído... todos nós - acedeu Wilmot. - Mas e quanto a você? Tem mulher e filhos nos EUA! Vai abandoná-los e embarcar num trem para a China comunista?

Scott deu de ombros.

- Eles ficarão melhor sem mim. Já tomei minha decisão.

E, finalmente erguendo os olhos para o sargento:

- Este soldado não luta mais.

- [30-03-2018]