O Teste do Pezinho
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Arnaldo, empolgado com a recente paternidade e seguindo a máxima de que: "Não basta ser pai, tem que participar",   fez um estardalhaço porque furaram a orelha de sua filha sem sua presença, pois queria acompanhar tudo de perto, ser participativo e registrar cada momento em fotos. 

Chegou o dia do teste do pezinho e ele fez questão de ir com a  esposa. Mas, inexplicavelmente, Arnaldo passou a noite sem dormir, sem que sua esposa conseguisse entender o motivo de tanta ansiedade num simples teste. Chegando lá, a enfermeira perguntou quem iria segurar o bebê e, Arnaldo logo se prontificou,  cabendo à mãe a tarefa de tirar as fotos. 

A enfermeira veio com  uma cartela e explicou-lhe que deveria segurar a garota para ela não se mexer, porque tinha que preencher toda aquela cartela. 
_ A senhora disse preencher essa cartela com sangue?
_ Sim.
_ Mas, não é só uma gotinha?
_ É quase isso. São algumas gotinhas. 
_Tem algo de errado. Eu vi uma propaganda dizendo uma gotinha. 
_ Não se preocupe que não vai doer.
 _ Já está doendo, eu já sinto a agulha entrando. 
_ Não... Ninguém tira o sangue dela. Era só uma gotinha, agora estão querendo tirar todo o sangue da minha filha. De jeito nenhum. 
A esposa argumentou, assim como os demais presentes ali, de que era o procedimento padrão, mas  nada dele aceitar e o teste do pezinho acabou ficando para outro dia. 

Em casa, já mais calmo, a esposa convenceu-o que a enfermeira estava certa. Ficou combinado de irem novamente no dia seguinte.  Mas, como dizem que "seguro morreu de velho", perguntou logo a ele:

Você  quer mesmo ir amanhã? Posso confiar que não fará escândalo?
_ Meu bem... Não conte pra ninguém, mas eu tenho medo de ver sangue, vá sozinha mesmo, mas não diga que não sou participativo, pois eu fui, não deu certo por culpa da enfermeira.

Nota da Autora: Faz parte dos contos que faço para o meu filho.