O abraço de Morfeu

A briga trouxe um orgulho bobo e no meio de tudo aquilo, o passado se fez presente mais uma vez. Vozes silenciosas surgiram e por causa disso, o casamento de comercial de margarina trincou, ainda que estivessem um ao lado do outro sobre aquela cama pesada. Dali em diante algo mudaria fortemente entre eles. Logo ele pegou no sono. Ela, não. Passou um longo tempo remoendo as palavras que ouvira e dissera a ele. Seus pensamentos a levaram a um tempo distante, quando se conheceram e não havia nenhum ranço ou resquício de sofrimento. Até que, no meio da noite ela resolveu largar a mão calejada da raiva e abraçá-lo para que pudessem fazer as pazes. Notou que ele não reagia. Perdendo o chão, ela o chamou por diversas vezes, sem sucesso. Então uma sensação de “nunca mais” adentrou o quarto trazendo consigo tristeza e desespero. Um choro sofrido caía-lhe dos olhos, à medida que levada por uma trêmula chama de esperança, ela ligou para a emergência. Pediu por um grande milagre com o coração cheio de dor e arrependimento. Então, emergindo de um ataque cataléptico, ele disse: “O que houve? Por que está chorando? É aquilo ainda?” Ela simplesmente sorriu um sorriso de alívio e o abraçou tão forte como se quisesse mantê-lo ali para sempre. Ao vê-la ligando para a emergência novamente para cancelar sua vinda, ele gargalhou e suas risadas a contagiaram; o que foi aos poucos afastando o orgulho daquele quarto, que se encheu de amor novamente.

Tom Cafeh
Enviado por Tom Cafeh em 20/03/2019
Código do texto: T6602859
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