Dia de fábula

Todas as manhãs, a jovem cumpria um ritual preciso e precioso.

Primeiro, descerrava as grades que sustinham suas janelas de castelo.

Depois, abria, silenciosamente e lentamente as persianas diáfanas.

Só aí, então, espiava adiante, além das árvores do páteo interior.

E o que passava através de suas pálpebras sonolentas e desavisadas

era sempre um voo rasante e ocasional, de volta ao ninho alto de uma árvore. Ou, o vento acariciando e levando ao chão alguma folha seca.

Este era um ritual matinal. Contudo, aquela manhã foi diferente.

O sol lhe deu Boas Vindas, piscando-lhe insistentemente e deixou-lhe nos lábios, um sorriso rubro, feliz e vivo.

Percebeu, assim, que finalmente a vida continuava.

Dentro, ou fora do castelo.

anna celia motta
Enviado por anna celia motta em 25/10/2020
Reeditado em 25/10/2020
Código do texto: T7095944
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