Carta à(o) Amante

A inscrição na tabuleta posta no alto do vistoso portão de ferro, convida: "Jogam-se cartas, búzios e tarô. Desempregado? Direcionamos você ao que procuras. Especialistas em doenças crônicas e degenerativas. Fazemos amarração e desatamos nós de amor. Venham todos. Marque um consulta. Aqui realizam-se sonhos. Inicie 2018 como desejado e planejado. Suba as escadarias da conquista com o pé direito."

Assalto à Geladeira

Moravam todos num casarão, estilo castelo. Construção que fora o ápice da arquitetura antigamente; atualmente abandonado, foi invadido por ratos, baratas, cães, gatos e tem contribuído socialmente, abrigando morcegos e damas solitários que vagam em noite de lua cheia.

O zunzunzum nas vizinhanças batem com a língua nos dentes, dizendo que coisas estranhas e inacreditáveis passam em seu interior. Cada amanhecer, uma notícia. Incrivelmente no alvorecer do dia primeiro do novo ano, um morcego havia sumido. Fato inédito, porque morcegos são animais vorazes, de hábitos noturnos e atacam no silêncio da madrugada. Porém, pelo que comentam, esse não aprendera por completo a lição desses bichos.

Segundo a Polícia Técnica, seu último voo foi em direção à geladeira. Quase imperceptíveis, ficaram sabendo por causa das marcas das asas na maçaneta do objeto. "Faltou pouco, quase nada para ser perfeito. Estou pasmo com o que vejo!" - disse um deles.

Uma das variantes da passionalidade é o amor a três, ou mais ingredientes indigeríveis no sanduíche amigável adultério. Cardápios assim, de iguaria variada, virou Moda e Mania nas praças, lares, shoppings, lanchonetes, castelos; e até o clichê "até que a morte nos separe" proferido pelo Padre e testemunhado por um monte de adúlteros foi alterado para: "Até que uma das partes não concorde passivamente e a morte nos separe"; se não, sigamos comendo o sanduíche nosso de cada roubada de geladeira na madrugada.

Febre do Rato

Rodrigo, doravante Diguinho é um bom menino. Exemplo em tudo, ou quase tudo. Para tomar banho, é um transtorno. Preocupa-me ainda mais a questão de trabalhar. Se puxar a mãe e o pai, vai longe; embora que passados 18 anos e ainda não se manifestou, ainda descobriu-se, ainda não presentou-se à operação, falta se apresentar ao alistamento do PIB do doméstico, exercitar a liderança no campo de batalha. Fora essa virtuosidade própria da idade, é um moção boa prosa. Vai dar trabalho para as mocinhas.

Personagens como Diguinho, costumamos dizer aqui no Nordeste, que está com a febre do rato. Doença que já levou ao Poder um Nordestino cabra bom, cabra da peste. Por sinal, um senhor Presidente que representou, não só o povo sofrido pelos calos nas mãos e vincos na cara do Nordeste, como elevou a bandeira do país no mais alto pódio mundial, redundando em um novo descobrimento do Brasil.

Quem sabe as rampas do Palácio é o futuro do meu filho?! Crendo, tendo fé, tudo se pode naquele que nos fortalece.

Sermão da Montanha

Paremos com as dialéticas de boteco, chega de ouvir discursos apoteóticos de políticos e celebridades, perder tempo com reunião familiar para enaltecer bundas em abundância, os filhos e animais domésticos; redundantes ideologias separatistas; dê um basta nas poesias encantadoras escritas e postadas no Recanto; exclua de sua vida a indolência cotidiana; e cuidemos de nossa casa, limpemos a poeira que acumulam debaixo do tapete; aparemos as arestas de nosso jardim, abramos as portas que dão para o nosso quintal e chega de isolamento; pois embora construam-se castelos em reinos solitários, um manancial de água reserva-se com pingos de chuva solidários.

Sobretudo, mesmo sabendo que será lido por um olho e não visto pelo outro, a placidez e a harmonia da natureza agradecem. Até quando?

Envie e-mail, correspondência por Sapp, Facebook fazendo a mesma pergunta para ela, a Mãe Natureza; porque o que provém do homem não passa de bazófias infundadas. Até quando? Serás tomado como louco, mas não acredite...; e repita a operação feita à Natureza. E através do facebook, sapp, e-mail, Twitter e demais redes sociais, faça as mesmas perguntas para os amigos, inimigos, políticos, irmãos, pai, vizinhos, mãe, avós, primos e qualquer outro transeunte que cruzar seu caminho.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 02/01/2018
Reeditado em 14/02/2018
Código do texto: T6214702
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