Ninho de Víboras

Defensora dos pés descalços. Carecas. Cabeludos black power. Idealista com todo rigor. Agitadora do "Pegue e faça você também". Questionadora dos porquês dos botões das camisas estarem sem par. Destelhados também. Inconformada com o acúmulo de prata e ouro nas mãos de uns poucos porcos sujos, os espinhos nas roseiras e a lavagem tomada pelas bocas de outros porcos adiposos imundos. E ao atingir o ápice como ativista humanitária, foi convidada para fazer parte da afiada adaga do Poder. Convite aceito. Posse assinada.

Sob a mira de olhos obcecados. Traída pelo gume contrário, impuseram a ela as honrarias no aprisionamento silencioso "toque de recolher"

Calou-se a ponto de não dizer uma letra, sequer, sobre seus princípios políticos/humanos/sociais. Apreciar o arrebol crepuscular, contar estrelas em noite insones, confabular com o vento sobre as coisas de Deus, é mais salutar e profícuo, que discutir os pós e contras, os sins e nãos dos ninhos, os quais abrigam os homens das intempéries na Terra. Contudo, é preciso dizer que o orvalho que desfaz-se pelo sol matinal, derramam lágrimas por elas. Não obstante, diga-me a qual jardim nascestes e formastes, que direi que espécie de flor tu és.

Porém, se alguma coisa ainda resta ser dita sobre o ninho que os mansos e as víboras aninham-se, lembremos sempre, que entre a covardia e a conquista, prevalece o veneno coagulante de sangue das víboras. Tal fato histórico, é irremediável; e de tempo em tempo, pulsa nas veias dos aninhados. E quando descobrem o antídoto, o corpo - entendam Brasil - já está tomado, necrosado pelo contágio do veneno. Tarde demais!

Por fim, antes que o apocalipse desça sobre a Terra e permaneça para sempre, o inconsciente coletivo cita que nada é para durar e as rugosas e espinhentas matanças "fazem parte" do escopo vivencial, bem como o "tô nem aí" para o foda-se cotidiano brasileiro.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 16/03/2018
Reeditado em 16/03/2018
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