GERAÇÕES - PARTE III - CAP. I

GERAÇÕES

PARTE III

DECADÊNCIA

CAPÍTULO I

Nada segue sempre em linha reta se as atitudes postas em prática não estiverem de acordo com objetivos traçados e não apresentarem o digno desejo de vencer. A Fundação Mercantil Dagoberto Antunes sempre palmilhou estradas em que o bem e a justiça caminhassem juntos. Seus dirigentes máximos eram devidamente preparados para atuarem dentro de uma mesma linha de conduta: a organização e os negócios fazem parte de uma grande família; os funcionários são irmãos e, de mãos dadas, todos se dedicam na busca da grande vitória: o progresso. Assim, todos ganham e a Entidade cresce e distribui igualitariamente os pendores conquistados. Ninguém é maior que o outro, desde os mais humildes ao Presidente, a essência do pensar é a mesma: fraternidade, solidariedade e respeito.

Cláudio e Miguel estavam sentados, um de frente para o outro, no alpendre da mansão em que residiam. Tinham em mãos a cartilha da Fundação onde rezavam todos os alicerces de comportamento profissional praticados e aprendiam, discutindo entre si, ponto por ponto do que foi, é e será eternamente os preceitos de trabalho e crescimento que compunham a Fundação e todos os seus conglomerados.

- Muito legal a forma como se caminha dentro dos nossos estabelecimentos, não acha Miguel?

- Sim, Cláudio, é por isso que chegamos onde estamos e vamos continuar andando dentro desses mesmos preceitos.

- Quem um dia estará sentado naquela cadeira de Presidente: eu ou você? – Cláudio aventurou.

- Ou eu ou você, o que ali sentar-se seguirá com determinação o que ensina esta cartilha. – Frisou Miguel – Um de nós será o Presidente e, o outro, o Vice, sempre alinhados perante a concórdia e o bom-senso.

Dali se levantaram e foram tomar banho, havia uma festa na escola, festejos de enceramento do ano letivo e eles não queriam estar ausentes.

Irmãos gêmeos e muito unidos, tudo faziam juntos, inclusive o banho. Enquanto se banhavam também conversavam e trocavam ideias.

- O que você acha de Ricardo Leitwig, Cláudio?

- Um bom colega de classe... Por quê?

- Ele tem uma maneira esquisita de falar com a gente...já percebeu que com ninguém mais ele tem um jeitinho todo especial de tratar? – Inquiriu Miguel.

- Sim, tenho os mesmos olhos clínicos que os seus... Ele só fala comigo e com você alisando nossos cabelos, passando a mão de leve em nossos tórax... realmente, meio esquisito. – Cláudio concordou – Você gosta de ser tratado assim por ele?

- Se gosto ou não, francamente não sei... Só sei que há momentos em que fico todo arrepiado e até excitado em outros...Confessou Miguel.

- Como nunca houve e jamais haverá segredos entre eu e você, digo: também me sinto exatamente do mesmo jeito... é uma sensação gostosa... Parece-me que ele é bastante carinhoso...

Disse Cláudio.

- Que ele é carinhoso, não tenho dúvidas... – Miguel falou – Você deixaria ele acariciar seu corpo inteiro se houvesse uma oportunidade?

Cláudio olhou para o irmão que se enxugava e percebeu que a pergunta fora feita num instante em que o mesmo estava num estado de bastante excitação.

- Eu gostaria de passar por esta experiência – Cláudio afirmou e tocando de leve num membro que saltava faíscas, completou – e, pelo visto, você também...

Miguel sorriu e balançou a cabeça como a dizer que estava de acordo com ele.

Sofia Antunes e Demetrius conversam na sala da Presidência. Um tema importante estava sendo tratado pela Diretoria administrativa da Fundação.

- O que você acha, meu filho, de fazermos esta abertura nos Estatutos? – Questionava Sofia.

- Seria pôr um fim a uma dinastia que a história do nosso grupo consagrou... Abrir espaço para quem não é um Antunes poder sentar na mesa do Presidente é algo que precisa ser bastante analisado e discutido. De minha parte, sou contra esta emenda. – Demetrius se colocou.

- Necessitamos de pensar no futuro, meu filho – defendia-se Sofia – a família Antunes é pequena. Caso chegue o dia em que não houver um representante da família para ocupar o cargo, o Governo encampa e a Fundação passa a ser órgão estatal, é o que rezam os estatutos.

- Temos aí Cláudio e Miguel que darão seguimento aos nossos descendentes, não vejo motivo para esta sua preocupação. – Frisou Demetrius.

Sofia Antunes, dias depois, começou a sentir-se enjoada, cansada e indisposta. Julgou não ser nada demais tais sintomas e ficou calada, nada comentando. O mal se agravou. Ela fora dormir com uma forte dor de cabeça e não mais se acordou... falecera de mal súbito.

Seu desaparecimento causou grande inconformismo diante da família e do povo. Era uma mulher notável, muito amada por todos. Seus funerais ocorreram debaixo de intensa comoção.

Demetrius assumiu a cadeira de Presidente. Embora formado em Administração, Demetrius Antunes não possuía em suas veias os mesmos caracteres de competência que tiveram seus antecessores. Para completar, escolhera muito mal seu Vice-Presidente, pondo no cargo

uma pessoa que não havia em seu íntimo o desprendimento e o interesse de crescer, o que desejava tão somente era olhar a conta bancária e sorrir, vendo-se possuidor de grande fortuna e a capacidade que tinha o dinheiro de tudo resolver... nem tudo!

A festa de encerramento do ano letivo fora um sucesso. Cláudio e Miguel ficaram todo o tempo em companhia de Ricardo Leitwig. Ricardo estava na mesma faixa etária dos gêmeos, havia 15 anos, perto de chagar aos 16. Era também loiríssimo e possuía belos olhos azuis,

que chamavam bastante atenção e que eram ponto forte de sua beleza. Sua pele brilhava de tão alva e parecia seda, de tão macia.

- Ricardo – falou Miguel – venha amanhã tomar banho de piscina conosco lá em casa.

- Eu não, seus pais podem não gostar. – Respondeu Ricardo Leitwig.

- Não seja por isso – explicou Cláudio – Estaremos sós em casa, eu e Miguel. Todos viajarão e participarão de um congresso no Sul do país e poderemos ficar bem à vontade.

- Está bem, irei. Em que horário querem que eu esteja lá?

- Oito horas da manhã – retrucou Miguel – e teremos o restante do dia só para nós.

Na manhã seguinte, Ricardo Leitwig chegava no horário aprazado. Os gêmeos já estavam de sunga, à sua espera.

- Trouxe sunga? – Questionou Cláudio.

- Claro. – Respondeu Ricardo.

- Venha, deixe suas roupas aqui debaixo desta coberta. Aí nos vestiários providenciamos uma toalha para você se enxugar após o banho de piscina.

Ricardo retirou as vestes e ficou igualmente apenas de sunga sob os olhares dos gêmeos que o vislumbrava atônitos. Molhou-se com água do chuveiro e mergulhou. Os irmãos fizeram o mesmo. Estavam todos alegres e brincando. Ficaram na piscina até três horas da tarde, quando

saíram, enxugaram-se e foram comer alguma coisa na cozinha. Não voltaram mais para a piscina, os gêmeos o levaram até o andar superior, onde se localizam os aposentos.

- Toma banho junto conosco, Ricardo? – Perguntou Miguel.

- Rapaz... sou meio vergonhoso... mas... – Disse Ricardo.

- Fique tranquilo. Fechamos a porta do quarto e só nós estamos em casa, podemos estar à vontade – Falou Cláudio.

- Sem problemas, vamos lá...

E os três despiram-se totalmente e entraram dentro do “box” na maior algazarra. Brincaram de jogar água um no outro e fizeram todos os tipos de estripulias, numa alegria contagiante.

- Fico pasmo em olhar para vocês dois – confessou Ricardo – além de serem belos, são exatamente iguais, não consigo desvendar qualquer diferença entre vocês.

- Somos gêmeos idênticos – colocou Miguel – há em nós os mesmos gostos, desejos e aspirações...

- E o que vocês mais desejam, digamos, neste momento? – Ricardo questionou.

- Hum... – Cláudio fingia pensar – digamos, como você diz, que tanto o meu desejo quanto o de Miguel seja ter a possibilidade de fazer carícias neste corpo lindo que você tem...

- É este também o seu desejo, Miguel? – Ricardo quis saber.

- O desejo de um gêmeo normalmente é o do outro. – Miguel retrucou.

E se entregaram as mais excitantes carícias, os três. No fim, o trio mostrava-se plenamente satisfeito.

- Vamos tomar outro banho – sugeriu Ricardo – preciso voltar para casa. Contudo, gostaria de que vocês mantivessem sigilo sobre tudo o que aqui se passou.

- Tranquilo – falou Cláudio – é interesse nosso que este sigilo se concretize.

Ricardo retornou ao seu lar. Os gêmeos estavam contentíssimos.

- Nunca imaginei ser tão bom participar de uma relação desse tipo. Estou, ainda, no mundo da lua. – Disse Miguel,

- Nossa! Que delícia! E com um carinha tão lindo quanto Ricardo, hein? Ufa! É de tirar o fôlego...

As coisas não andavam bem na mesa da Presidência da Fundação. Demetrius parecia bastante preocupado com a situação de alguns negócios... Foi obrigado a desfazer-se de dois conglomerados a fim de equilibrar a receita... a estas alturas, muito mal direcionadas e gerenciadas.

AMANHÃ - CAPÍTULO II DESTA PARTE III ( RETA FINAL )

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 20/01/2015
Código do texto: T5108299
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