O PIANISTA

Capítulo II – A avó Lurdes Hermann;

Antes que citemos o testamento em questão, é preciso que se diga algo a respeito de Lurdes Hermann, ou carinhosamente dizendo a avó Lurdes Hermann.

Mesmo sendo algo sucinto, mas que seja consistente naquilo que iremos afirmar, a Lurdes Hermann, descendentes de italianos e armênios – daí se originou o nome do filho - era a avó paterna do pequeno Alfred (ou do agora recém-nascido Alfred).

Bem que ela dissera para Armênio em seu leito de morte:

- Querido Armênio, prezo muito pelo meu netinho que está por vir! Sei que não tenho muito tempo de vida, pois o câncer causado pelas radiações de Hiroshima contaminou o meu corpo e minhas vias respiratórias ao longo do tempo. Na época, eu e seu pai estávamos fugindo do raio de contaminação, e decidimos morar aqui no Brasil. Você estava com seus tios em Nápoles, e viemos lhe buscar...

- Immigrati che siamo madre!

- Sì, mio figlio! Por isso que lhe peço, que deixe como herança para mío nipote, o piano que foi herdado das gerações: relíquia dos antepassados. Deixo no meu testamento... e...quando meu ne...to crescer, diga a ele que eu...

- Não se despeça antes da hora querida madre!

- Que eu... figlio...

- Nãooooooooo!!!!!!!!!!!!!

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E foi assim, que a avó Lurdes Hermann, se despediu do mundo e das alucinações que são as guerras; cicatrizes ainda por cicatrizar. Ela deixara para o então recém-nascido Alfred, o piano que tanto rendera para a família, grandes concertos, peças e sinfonias. Veremos nos próximos capítulos, no que essa história irá desencadear.

(Carlos André)