TEACHER - AMOR NÃO ENCHE BARRIGA - CAPÍTULO 4

AMOR NÃO ENCHE BARRIGA – Capítulo 4

Depois da visita ao filho novo de Décio, Rupert foi levar Tereza em casa e, no portão da casa dela, falou:

- Ser padrinho do filho do Décio com ela... Pode?

- Pode. Tem alguém lá em cima querendo aproximar vocês dois. Criança sempre dá sorte.

- Ah, Tê, não me anima. A Laura tem doze anos de vida na minha frente, uma carreira, é independente, livre... linda... E o que é que eu tenho? Nada! Só um pai velho e bêbado que só me tira o sangue e o dinheiro no final do mês pra beber tudo no primeiro bar da esquina. Que é que ela pode ver num cara como eu?

- Amor...

- Amor? – ele perguntou, com um sorriso desanimado. – Larga de ser romântica só um pouquinho e fala a sério, garota. Amor não enche barriga...

- Enche sim, ela brincou, maliciosa.

- Para, Tê! Eu estou desesperado!

- Conta pra ela.

- Não!

- Então esquece ela!

- Como? Só se eu sair da faculdade.

- Isso nunca! Eu mato você! No terceiro ano!

- Com eu posso esquecer de alguém que eu vejo todos os dias cruzando comigo nos corredores da escola? Me diz! Nem sei como eu consigo tirar nota boa com ela! Durante a aula dela eu só consigo ouvir o som do meu coração batendo feito um doido aqui dentro do peito e enxergar os olhos lindos dela, olhando pra todo mundo menos pra mim. Eu não aguento mais isso! A vontade que eu tenho é de chegar pra ela segurá-la nos braços e dizer... “I love you, teacher!”

Tereza começou a rir.

- Não ria! – ele falou, rindo também. - É sério, caramba!

- Conta isso pra ela, garoto! Qualquer mulher adoraria ouvir isso. E a Laura não é menos mulher porque é professora.

- Vou pensar no assunto.

- Já é um bom começo, ela falou, beijando-o no rosto. – Bye, dear!

- Bye, honey. Love you forever.

Ele esperou que ela entrasse em casa e foi embora correndo para a oficina mecânica onde trabalhava até as nove da noite.

Quando chegou em casa à noite, encontrou o pai dormindo no sofá com uma garrafa de bebida na mão. Parou e ficou olhando para ele por um instante, depois foi para seu quarto. Deitou-se pesadamente na cama, cansado e olhou para o porta-retratos na cabeceira onde havia a foto de sua mãe, falecida há dez anos.

Escondeu o rosto no travesseiro por uns segundos e levantou-se novamente, indo tomar um banho.

No dia seguinte, quando se levantou para ir à faculdade, o pai ainda estava no mesmo lugar, tinha dormido no sofá, de roupa e tudo. Ele fez o café, tomou um gole rápido e saiu.

Assistiu as duas primeiras aulas, atencioso como sempre, ao lado de Tereza e Décio que estava com seu sorriso peculiar de pai fresco.

No intervalo, os três foram à lanchonete tomar um refresco. Décio notou que Rupert estava muito calado, mais do que de costume.

- Problemas, cara?

- Nada que você já não saiba, ele disse, tomando um gole do refrigerante no gargalo da garrafa.

- Eu já te convidei mil vezes pra você vir morar comigo e a Luíza lá em casa. Isso não é vida, Rupert. Deixa seu pai ficar por si mesmo um pouco pra ele acordar da besteira que está fazendo com a própria vida. Ele tem sorte de você não ter seguido o exemplo dele. Vem morar com a gente.

- É uma boa, Rupert, ajudou Tereza.

- Não... O convite é bem tentador, mas o meu lugar é lá mesmo. Eu só vou sair de casa, quando tiver um emprego decente. Não quero depender de ninguém, ainda mais de um amigo.

- Panaca!

- Vindo de você é um elogio, Décio.

Tereza riu. Décio fez uma careta e Rupert tomou mais um gole de refrigerante sorrindo levemente.

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Welcome to my dreams...

CAPÍTULO 4

Velucy
Enviado por Velucy em 24/10/2017
Código do texto: T6151470
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