TEACHER II - COMPETIÇÃO? - CAPÍTULO 2

COMPETIÇÃO? – Capítulo 2

Quando chegaram ao hospital, Rupert procurou pelo pai e, na porta da emergência onde, ele estava, encontrou a vizinha Alice que mal conhecia, mas que parecia ser a única pessoa que podia tirá-lo de sua aflição. A moça tinha os olhos vermelhos.

- Oi, Rupert, não é?

- Eu... Você é a Alice?

- Sou. Eu moro há pouco tempo na sua rua, mas conheço seu pai há algum tempo... Seu nome e telefone estavam na carteira dele...

- Já teve alguma notícia? Como é que ele está?

- Ainda não deram nenhuma resposta. Estou esperando aqui há uma hora. Fique calmo. Vai ficar tudo bem.

- Como foi? O que foi que aconteceu? Você viu alguma coisa?

- Não, vi só o tumulto... Foi um carro de passeio. Acho que bateu nele e fugiu sem prestar socorro. Seu pai estava... um pouco tonto... acho...

Rupert sentiu o sangue vir ao rosto, envergonhado.

- Bêbado, você quer dizer...

- Acho que sim.

Ele foi sentar-se num banco ali perto e escondeu o rosto entre as mãos. Tereza sentou-se ao lado dele e colocou a mão sobre seu ombro. Não se falou mais nada. Quando o médico saiu do quarto, perguntou:

- Quem é o parente mais próximo do senhor... Régis Lauter?

Rupert ergueu-se.

- Eu sou filho dele.

- Ele já está fora de perigo, mas vai ter que ficar aqui conosco por mais uns dias. Vamos ter que operar uma das pernas. Fraturou muito feio. De resto, tudo bem.

Todos respiraram aliviados.

- Ele está consciente? – Rupert perguntou.

- Não, está dormindo. Ele… costuma beber sempre, filho?

Rupert apenas balançou a cabeça confirmando.

- Talvez tenha sido a maior causa do atropelamento. Não dá pra dizer ao certo como e porque aconteceu; como a dona Alice já deve ter dito pra você, o motorista fugiu, mas um homem embriagado é quase que setenta por cento culpado por acidentes de trânsito. Mas... ele vai dormir pela tarde toda e vai ficar bem.

- Posso vê-lo?

- Por alguns minutos. Depois, pode ir para casa. Se quiser voltar amanhã cedo, seria melhor.

O rapaz entrou no quarto e seus olhos encheram-se de água quando viu o pai deitado na cama com um curativo no lado esquerdo da testa, uma mão enfaixada e arranhões pelos braços e rosto. A perna quebrada estava enfaixada do calcanhar até o joelho. Aproximou-se dele e tocou sua mão. As lágrimas caíam muitas e ele tinha vontade de sair correndo dali e nunca mais aparecer.

Procurou conter-se e enxugou o rosto com as mãos. Depois, beijou o pai na testa e saiu do quarto. Tereza, Nelson e Décio ainda esperavam por ele. Nem Alice nem Matheus estavam mais.

- A dona Alice pediu desculpas, mas ela teve que ir. Disse que amanhã passa na sua casa pra saber do seu pai, disse Tereza.

- Cadê o professor? – Rupert perguntou.

- Foi preencher a papelada da internação, lá no fim do corredor.

- Vamos, Rupert? – sugeriu Nelson. – Melhor mesmo é você ir pra casa, como o medico disse.

- Eu já vou. Vou ver se o Matheus precisa de alguma informação...

Rupert foi até o balcão de atendimento e viu o professor pagando a conta do hospital.

- Não precisava fazer isso, ele disse.

- Eu sei, mas já fiz.

- Você não tem nada a ver com isso, Matheus.

- Sem discussão, Rupert. Já está pago. Agora trate de ir pra casa esfriar essa cabeça. Não vou poder vir amanhã cedo, porque, você sabe, o salário do professor não anda aquelas maravilhas e eu tenho que trabalhar, mas eu virei à tarde. Vou ligar hoje à noite pra saber dele e se você quiser ligar pra mim...

- Eu posso ligar. É meu pai.

- Acontece que a burocracia é demais por aqui e eles atendem muito mal as pessoas que não têm... um certo poder aquisitivo. E eu conheço pessoas. Meu pai era clínico geral aqui.

- Seu pai era médico?

- Era. Minha mãe é enfermeira aposentada. Eu desmaio só de ver sangue, por isso resolvi ser matemático.

Rupert sorriu.

- Legal, já te animei um pouco. Agora larga esse orgulho besta e me deixa te ajudar.

- Não acho justo…

- Por quê?

Rupert hesitou por um momento e por fim falou:

- Eu estou apaixonado pela Laura.

Matheus não ficou surpreso, apenas sorriu.

- Não vai dizer nada? – Rupert perguntou.

- Eu sabia.

- Ela te contou?

- Nem precisava. Está na sua cara, parceiro.

- Pelo jeito, o mundo inteiro já sabe.

- O mundo eu não sei, mas pode contar que tem uma pá de gente muito preocupada com você... e com ela, claro.

- Preocupados por quê? Eu não tenho nenhuma chance. Ela me vê como um garoto.

- Não se menospreze. Não pense pelas pessoas. Pra começar, não pense que eu vou deixar de ser seu amigo, só porque você gosta da mesma mulher que eu. Isso chega a ser um incentivo pra mim.

- Incentivo?

- Eu vou competir com quinze anos a menos.

Rupert sorriu.

- Você não vai competir com ninguém. Pra começar, você tem de parar de tratar a Laura como um troféu.

- É por isso que eu não briguei com você ainda. Gosto e respeito o jeito como você gosta da Laura.

- Engraçado... falou Rupert, com um sorriso triste. – Eu gostaria de não gostar dela de jeito nenhum.

Matheus não soube o que dizer. Rupert afastou-se.

Iam entrando no carro de Matheus, quando viram Laura chegar no seu. Ela saiu apressada do veículo e aproximou-se deles.

- Eu fiquei sabendo do seu pai, agora. Como ele está?

- Está melhor. Vai ser operado, mas está fora de perigo. Obrigado.

- Posso ajudar em alguma coisa?

Rupert pensou um pouco, olhou para Matheus e respondeu:

- Pode. Leva o Matheus pra casa. Ele está muito nervoso. Eu vou de moto. Tchau.

O rapaz bateu no ombro do professor em agradecimento e afastou-se, indo para junto de Décio, Tereza e Nelson. Matheus ficou olhando para ele e não entendeu nada.

- Que foi que ele quis dizer com isso? - Laura perguntou.

- Sei lá! Eu ia levar ele pra casa.

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Welcome to my dreams...

CAPÍTULO 2

Velucy
Enviado por Velucy em 27/10/2017
Reeditado em 28/10/2017
Código do texto: T6154783
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