TEACHER IV - BRAVE NEW WORLD - CAPÍTULO 8

BRAVE NEW WORLD – Capítulo 8

(Pra quem nunca leu o livro, recomendo!)

O último trimestre do ano passou lentamente para os dois, mas passou, e foram aprovados pelo menos cinquenta dos sessenta e três alunos do Terceiro T.I..

Em dezembro, nas férias, nova decepção para Rupert. A mãe de Matheus estava muito doente e morava em Minas Gerais. Ele resolveu passar o mês com a mãe e quis levar Laura com ele.

Ela contou isso ao marido na porta da oficina em que ele trabalhava.

- Um mês, Laura?! Isso é demais!

- Se você não quiser, eu não vou...

- Adianta eu querer e você não ir? Ele é capaz de ficar também e aí piora tudo! Eu não vou poder te ver sossegado de qualquer jeito.

- Acho meio difícil ele desistir da viagem. É a mãe dele...

- Por isso mesmo... Eu não morro de amores por ele, mas sei que ele tem lá os sentimentos nobres dele também e mãe é assunto sério... mas... um mês!

- Ele quer passear comigo pela cidade também... Aproveitar as férias...

Rupert sentou-se num caixote e ficou pensativo e triste. Laura sentou-se ao lado dele também e segurou sua mão.

- Não toca em mim, estou todo sujo...

- Não importa. Me abraça.

- Não, acho melhor você ir. Não quero criar comentário, ele disse, afastando-se dela.

- Devo ir?

Ele deu de ombros.

- Ele vai te apresentar à mãe como futura esposa, não é?

- Nós dois sabemos que é mentira...

- Tudo bem, vai. Um mês... Um mês, meu Deus, um mês! Se você chegar e eu tiver morrido, deixo a aliança e a receita de espaguete, tá?

Laura riu e o beijou no rosto.

- Eu escrevo de lá todos os dias, prometo.

- Vou dormir com as cartas.

- Tchau, amor.

Ela foi embora. Luiz, um colega de trabalho, aproximou-se e perguntou, limpando as mãos num pano mais sujo que elas:

- Que era o avião?

- Sua avó! – Rupert respondeu, mau humorado.

- Sua bênção, vovô. Ela está de olho em você? É namorada nova?

- Me deixa em paz, tá, Luiz? Vai trabalhar que você ganha mais.

Quinze dias depois, num domingo, Tereza ia passando diante da casa dele e o viu sentando no murinho na área de entrada da casa, lendo um livro. Apoiou-se no portão e chamou:

- Nem nas férias você descansa?

Ele ergueu os olhos do livro e olhou para ela.

- Oi, Tê, entra.

Ela não esperou o segundo convite. Abriu o portão e entrou. Beijou o rosto dele e subiu no murinho também.

- Tudo bem? Você anda sumido.

- Estou sempre aqui. Estou trabalhando o dia inteiro na oficina. Preciso juntar grana pra pegar minha moto de volta... mas, fora isso, estou sempre aqui.

- E seu pai?

- Cochilando aí dentro.

- O que você está lendo?

Ele mostrou a capa do livro.

- “Brave new world”. Ah, o livro que a Laura pediu pra ler nas férias. Nem comprei ainda.

- Pirraça ou falta de dinheiro? - ele perguntou sorrindo.

- Nem um, nem outro. Queria o seu emprestado. Sabia que você compraria do dia seguinte que ela pediu.

Ele riu.

- Maladrinha. Empresto sim.

- Está gostando?

- Médio. Muita ficção pro meu gosto. Mas já estou acabando. Amanhã ou depois levo na sua casa.

- Tá bom. Tem visto a Laura?

Ele respirou fundo e balançou a cabeça, negando.

- Por que não?

- Ela está em Minas, com o... noivo, na casa da mãe dele que está doente.

- Hum... Pena, não?

- Não vamos falar sobre isso, não, tá? E você? O que tem feito?

- Nada. Acho férias um negócio tão monótono.

- Eu também. Os domingos então... são terríveis.

- Por falar em domingo, topa ir comigo na praia domingo que vem?

- Praia? Você, eu e quem mais?

- Só nós dois.

Rupert pensou e respondeu:

- Tereza, aquilo que aconteceu entre nós foi só...

- Eu sei. Não quero te seduzir de novo. Só queria passear, distrair você. Arejar essa cabecinha confusa que anda a sua. Sem segundas intenções, juro! Até levo meu sinto de castidade cor de rosa.

- Você tem cinto de castidade... colorido? Pensei que essa frescura fosse só pra camisinha.

- Não existe mais cinto de castidade há séculos, Rupert.

- Ah, sei lá... Esse povo inventa cada uma...

- Não me enrola... Vamos?

Ele sorriu e baixou os olhos para o livro.

- Não sei...

- Tem medo que a Laura descubra?

- Não, ela descobriu da outra vez sem ninguém dizer e não aconteceu nada. Mas eu não quero abusar. Eu amo minha mulher, Teca...

- Eu sei disso. Não precisa ficar repetindo. Tudo bem, esquece.

Ela olhou para a mão esquerda dele e viu a aliança brilhando nela.

- Isso aí fica tão lindo na sua mão...

Ele apenas sorriu.

- Preciso ir, disse ela descendo do murinho. – Tchau!

- Tchau, Tê.

Ela saiu do portão e jogou um beijo para ele, indo embora correndo. Rupert olhou para a aliança e a acariciou, pensativo, depois voltou a abrir o livro e continuou sua leitura.

********************************************

Welcome to my dreams...

CAPÍTULO 8

Velucy
Enviado por Velucy em 07/11/2017
Código do texto: T6164704
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.