TEACHER VII - LEONARDO - CAP. 5

LEONARDO – Capítulo 5

Horas depois, Rupert estava com Laura num quarto comum.

- Senti saudades, sabia? – ela disse.

- Mentira, ele falou, brincando. – Você estava aí, numa boa, tirando uma soneca daquelas. Me deixando maluco. Nem lembrou de mim.

- Isso não é verdade. Já viu nosso bebê?

Ele balançou a cabeça negando.

- Por que não? Ele está bem, não está? A primeira coisa que eu perguntei ao Hélio quando acordei foi sobre ele e sobre você. Ele disse que você ficou bem aflito comigo, mas disse que o bebê estava na incubadora, mas estava bem.

- Achei melhor a gente ir junto, agora que você acordou.

- Você não ficou com raiva do nosso bebê por minha causa, ficou?

Ele olhou para a mão dela na sua e respondeu:

- Raiva não... mas eu fiquei bem... inseguro...

- Inseguro?

- Pensei… no que minha vida se transformaria... se você morresse... Como eu ia fazer pra... cuidar dele sozinho... sem você.

Laura passou a mão por seu rosto.

- Eu não tive coragem de olhar pra ele e ver que... tudo que aconteceu com você foi culpa minha.

- Não foi, Rupert. Você não teve culpa de nada.

- Estou tentando tirar essa... sensação da minha cabeça e do meu coração. Mas... eu ainda não fui vê-lo não. Eu praticamente só acordei dos sedativos que aplicaram em mim depois de ir pra casa e tomar um banho. Passei a noite passada inteira e a madrugada, dopado.

- Isso é crime, sabia? – ela brincou.

- Dei bastante trabalho pro Hélio e pras enfermeiras do hospital. Eles precisaram fazer isso. Vou ter que passar muito tempo pedindo desculpas a todos eles.

- Fiquei sabendo também que você quase não comeu nada...

- Quem podia ter fome depois de tudo isso?

- Dei trabalho não foi?

- Você e eu... Pro Hélio e pro seu anjo da guarda, com certeza. Estava todo mundo pedindo pra você ficar e ele puxando você pela mão. Ainda bem que era um contra sete. O coitado não aguentou.

- Sete? Conta de mentiroso.

- Sete! Eu, ainda que grogue, a Teca, a Carla, a Sara, o Décio, o Nelson e seu médico. Se não contarmos com a Luíza, o Bob e meu pai lá no céu que ajudava beliscando o anjo.

- Rupert! Eu não posso rir, ela disse com a mão sobre a barriga.

- Desculpe, amor, ele disse, beijando seu rosto..

Laura respirou fundo para parar de rir e acariciou seu rosto.

- Nem acredito que estou aqui olhando pra você...

Ele não disse nada. Se dissesse choraria e não queria mais chorar.

- Temos que ver o nosso bebê logo. Não vejo a hora de segurá-lo no colo. O Hélio falou que talvez a enfermeira o trouxesse pra eu ver aqui no quarto ainda hoje, mas está demorando...

Nesse momento a porta se abriu e uma enfermeira entrou com um pacotinho nos braços.

- Boa tarde, mamãe!

Ela se aproximou de Laura que ergueu o corpo na cama e segurou o filho nos braços.

- Meu bebê...

Estasiado com a presença do filho tão perto, Rupert mal abria a boca.

- Ele não é lindo?

- A gente tem um filho... Temos que colocar o nome nele logo. Escolhemos tanto naquele dia e não chegamos a nenhuma conclusão.

- Decide você. Olha pra ele e escolhe.

Rupert olhou para o menininho de cabelos muito pretos olhando para a mãe e segurou sua mãozinha.

- Oi, filhote... Me desculpa por não ter ido te ver antes. Você vai entender um dia o que houve de verdade e eu espero que você me perdoe, mas eu te amo demais... você não sabe o quanto...

Ele beijou o filho no rosto e respirou fundo.

- Leonardo... Você gosta de Leonardo? Significa “forte com um leão” e é isso que ele é.

- Adorei.

Rupert a beijou.

- Você se importa se ele for o nosso único bebê? – Laura perguntou.

- Não tem problema. Não quero mais fazer você sofrer desse jeito. Só ele já está ótimo!

- Você tem idade pra ter quantos quiser...

- Laura...

- A gente pode adotar...

- Você mal acabou de botar um serzinho no mundo, mulher, e já está pensando em outro? Pra onde vai meu salário? O leite está caro!

Ele se lembrou da proposta na Nestlé e riu.

- Que foi? – ela perguntou, sem entender.

- Eu até esqueci de te falar. A Nestlé aceitou o meu currículo. Me pediram pra comparecer na empresa no primeiro dia útil depois do feriado de sete de setembro.

- Que maravilha, amor! Fico tão feliz por você. Parabéns!

- Mesmo assim, não vou poder reclamar do leite, mas ainda tem as fraldas e o resto todo que vem com esse pacotinho. Não quero pensar em mais filhos por enquanto.

- Mas você gostaria, não gostaria?

Rupert balançou a cabeça afirmativamente.

- Queria sim, mas quando eu me casei com você, eu nem pensei em filhos, eu te disse. Eu só pensei em você. Não acho que um cara deva se casar pensando em quantos filhos a mulher possa lhe dar. Esse é um pensamento tão... medieval... Se a gente pudesse ter outros, seria bom, mas já que não pode... a gente faz o que você disse: adota quando o Leonardo tiver uns... dez anos! Pronto. Não é por isso que eu vou te amar menos. E por enquanto nós temos o Bob. O Leonardo aqui e ele já são de bom tamanho pra botar a casa abaixo, não é, filhão?

- Você não existe...

- Não existia. Nasci de novo hoje. Acabei de sair de você...

Eles ficaram olhando um para o outro e trocaram um doce e longo beijo.

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Welcome to my dreams...

CAPÍTULO 5

Velucy
Enviado por Velucy em 18/11/2017
Código do texto: T6175441
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