RP - ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA - PARTE 29

ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA

PARTE XXIX

Jairo não reage. Passa para o banco do passageiro e Cláudio retira a chave do carro. Precisa tirar o seu do meio da estrada e teme que, nervoso como está, Jairo vá querer seguir adiante com o que pretendia fazer. Ele coloca seu carro no acostamento e volta para a cidade no de Jairo. Ao chegarem à casa do médico, Mônica os recebe, aliviada.

- Obrigada, diz a Cláudio, mas olhando para o pai, que se recusa a olhar para ela.

Jairo se senta no sofá pesadamente, colocando as mãos na cabeça.

- Eu devia ter passado por cima do seu carro na estrada, Cláudio. Seu irmão merece uma surra como seu pai nunca deu.

- Eu não disse que é do Wagner, papai, ela declara.

- Então quem foi!? - ele grita se levantado. – Me diga pra que eu possa matá-lo com toda a razão que está comigo agora, Mônica!

- Isso não interessa mais, papai.

- Como não interessa? Esse canalha tem que pagar pelo que fez. Você é menor! Ele tem que assumir essa criança! Tem que se casar com você!

- Ele já é casado, ela sussurra, com a voz quase sumindo na garganta pela vontade grande que sente de chorar.

Cláudio e Jairo olham para ela, surpresos, por razões diferentes.

- Casado...? - diz Jairo, afastando-se dela e começando a andar pela sala. – Casado? Mas quem... quem você conhece nessa cidade que...

- Ele não é de Casa Branca. Eu o conheci durante um Congresso de Enfermagem no início do ano e me apaixonei, mas não há mais nada entre nós, ela continua. – Acabou, quando eu descobri que ele era casado.

Jairo volta a se aproximar dela e fica olhando para o rosto da filha sem acreditar.

- O assunto agora sou eu, pai. Se você me permitir continuar aqui com você, tudo bem. Se não, eu vou embora, hoje mesmo.

Jairo vai para perto da janela e não responde. Mônica se aproxima dele e quer tocá-lo, mas não consegue.

- Papai... diz alguma coisa, por favor... Você me aceita aqui?

- Se você for embora... vai viver como... com esse... com essa criança?

- Eu posso continuar trabalhando, como sempre fiz. Posso continuar no orfanato com a tia Bárbara. Ela não ia se negar a me ajudar numa situação dessas. Eu posso me virar.

- Eu ainda acho que você está querendo encobrir o nome daquele irresponsável.

- Posso te assegurar que... o Wagner foi só um pretexto que eu arranjei pra... deixar o verdadeiro pai do meu filho bem longe disso tudo.

- Diga pelo menos de onde ele é, Mônica. Essa estória está muito mal contada. Se esse canalha não é de Casa Branca, de onde ele é?

- Já disse que não interessa mais, pai. Vamos resolver logo isso. Eu posso ficar ou não?

Jairo olha para Cláudio e de novo para a filha. Vai sentar-se novamente e desesperado diz:

- Claro que pode. Como eu posso recusar isso?

- Pode, ela diz, sentando-se ao lado dele, mas mantendo certa distância. - Se você não quiser, não é obrigado a me manter aqui, se não confia mais em mim.

- Me diga o nome dele pelo menos.

- Não posso, pai, ela diz com as lágrimas rolando pelo rosto. – Se essa for a condição... eu vou embora. Não me obrigue a fazer isso.

- Você é a única coisa que eu tenho nesse mundo... O que eu vou fazer sem você, filha?

A voz dele está embargada pela emoção. Apesar de toda a firmeza de opinião, Mônica não pode deixar de sentir um nó incômodo na garganta e um enorme sentimento de culpa.

- Eu te prometo que... nada vai ser diferente, pai. A gente vai continuar sendo os velhos amigos de sempre... se você quiser. Eu ainda te amo muito.

Depois de alguns instantes olhando para ela, Jairo abraça a filha.

- Eu quero. Quero sim. Também te amo, meu amor. Não posso deixar minha única filha desamparada numa situação assim.

Cláudio vê que está sobrando ali e, para deixar os dois mais à vontade, sai da casa.

Ainda tonto por tudo que ouviu, como está sem seu carro, vai andando até o centro da cidade com o pensamento de pegar um táxi e ir até a fazenda falar com o irmão. Ao chegar à praça da matriz, olha para a velha igreja que tem Nossa Senhora das Dores como padroeira e pede:

- Perdão, mãe... Eu não tenho o direito de lhe pedir nada, mas... cuida dela pra mim, pelo amor do Seu Filho.

Os olhos dele se enchem de água, mas ele não deixa que as lágrimas caiam e as enxuga rapidamente. Vai até o hospital avisar que vai se ausentar pelo resto da tarde.

Lá encontra Miguel, que ao vê-lo chegar, pergunta.

- Onde você estava? Está tudo bem?

- Mais ou menos. Eu vou ter que ir até a fazenda. Preciso falar com o meu irmão. Eu só vim avisar o pessoal. Você pode fazer isso por mim? Pede pro Renato me cobrir essa tarde. Eu não demoro.

- Está tudo bem mesmo? Você não parece bem.

Cláudio não ouve o que ele falou.

- Seria mais fácil se o Wagner viesse até aqui. Não acho muito prudente falar nesse assunto lá em casa. Eu tenho medo... que minha irmã escute alguma coisa... Ela é um desastre...

- Falar do quê? Que assunto?

- Da... gravidez da Mônica.

- Você ficou sabendo de alguma coisa?

Cláudio balança a cabeça afirmativamente, mas não diz nada. A garganta arde. Miguel percebe que ele não quer dizer e respeita o amigo.

RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... CASA BRANCA

PARTE 29

OBRIGADA E BOA TARDE!

DEUS ABENÇOE A TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 06/02/2018
Código do texto: T6246771
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