RP - ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA - PARTE 32

ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA

PARTE XXXII

Na cidade, Jairo resolve ir trabalhar. Mesmo estando muito nervoso e magoado, ele acha que talvez o trabalho o ajude a se acalmar. Mônica quer acompanhá-lo, mas ele recusa.

- Você disse que ia ficar em casa e vai ficar.

- Eu não quero te ver assim.

Ele sorri, amargamente.

- Imagine se quisesse...

Dá as costas e vai sair. Ela chama:

- Pai!

Jairo se volta, meio impaciente.

- Meu beijo...?

Rapidamente ele lhe dá um beijo no rosto e sai. Ela se senta numa poltrona, mas não consegue ficar parada. Sobe ao quarto, veste-se e sai também.

***************************

A casa de Humberto Lage é, depois da casa do prefeito e das casas dos irmãos Telles, uma das mais elegantes de Casa Branca. Ele é dono de um dos supermercados que abastecem toda a cidade. Humberto Lage Filho, seu filho mais velho, é o melhor amigo de Wagner e se surpreende ao ver, pela janela da sala, o carro de Cláudio estacionar diante da casa. Sai e vai encontrá-lo no portão. Cláudio lhe conta tudo que está acontecendo ali mesmo, nem faz questão de entrar na casa e Beto se preocupa.

- Ele não esteve aqui hoje, Cláudio. A gente se viu ontem. Foi junto com a galera até Campinas. Depois ele disse que ia até o hospital falar com você e a gente não se viu mais. Íamos nos encontrar hoje à noite pra comemorar.

- Tem alguma chance de ele estar na casa de algum dos outros... Guto, Leo...

- O Leo foi para Ribeirão ontem à tarde, contar pro avô que passou no vestibular. Os outros, não sei, pode ser, mas eu tenho o telefone deles. Entre. A gente confere isso agora.

Eles entram e Beto liga para Guto, Janete, Dina e até Sandra, sua namorada. A resposta é a mesma. Ninguém sabe de Wagner, mas todos se dispõem a se encontrar na casa dele para ajudar a procurá-lo.

- Ninguém sabe dele, diz Beto, colocando o telefone no gancho.

- Como uma pessoa pode sumir desse jeito? - Cláudio pergunta.

- Ele não sumiu. Deve estar gozando da nossa cara em algum lugar que a gente não tem ideia, mas... eu vou te ajudar a procurar. A turma toda vai. Todo mundo está vindo pra cá. Esse cara vai aparecer logo, logo, você vai ver.

Em minutos, a turma toda se reúne na casa de Beto e compartilham do desespero de Cláudio.

- O cara foi com a gente até Campinas, diz Guto. - Ele foi de moto, porque o carro dele não tinha sido lavado. Estava muito zangado com o coitado do Lopes. Ele sempre gosta de ir de carro pra gente poder ir conversando, mas a gente ficou tão feliz com o resultado do vestibular que a raiva toda passou. Ele se separou da gente aqui no centro de Casa Branca, porque ia falar com o senhor, no hospital. Aí, cada um foi pra sua casa e a gente não se falou mais.

- Ele disse pra onde ia de lá do hospital, Cláudio? - pergunta Beto.

- Ele foi almoçar com a Mônica.

- Com a Mônica? - Janete pergunta.

- Justo ela? Essa garota pode ter alguma coisa a ver com isso, diz Guto. – Ela pode saber dele, não?

- Não, diz Cláudio. – Tenho certeza de que não. Ela não tem nada com isso. Eu... estive com ela hoje cedo, mas eu não sei bem o que eles conversaram. Fico pensando...

Cláudio para de falar, lembrando de novo da conversa que teve com o irmão no hospital.

- O quê? - Beto pergunta.

- Ele estava tão desesperado que chegou até a pensar, entre outras coisas, em... fugir de casa.

- Por causa da Mônica? - pergunta Beto. - Ele não faria isso. A gente já tinha conversado. A turma toda tinha fechado com ele e ia defendê-lo nessa até o fim. Ele não fugiria daqui por isso.

- Eu já descartei a possibilidade. As roupas, documentos, tudo dele estão na fazenda. Inclusive o carro e a moto. O que me intriga é... esse sumiço total.

- Ele deve estar escondido no mato, brinca Guto.

- Não é caso para brincadeira, Guto, diz Sandra. – O Wagner deve estar numa pior. Pior do que ser o pai do filho da Mônica. Ele não fugiria de casa, depois de saber que conseguiu a universidade. Era o sonho dele.

- Sequestro... - arrisca Laura, medindo cada sílaba para falar.

Todos olham para ela.

- Foi só um palpite, gente. Deus nos livre de acontecer uma coisa dessas. Esqueçam o que eu falei.

- Pode acontecer, fala Cláudio.

Agora é a vez de todos olharem para o médico.

- Por quê? - perguntam todos quase em uníssono.

- Na fazenda existe um armazém que é fechado religiosamente toda tarde, às seis horas pelo empregado do meu pai...

- E...? - pergunta Beto.

- Hoje de manhã, ele amanheceu aberto. A janela do quarto do Wagner também.

O silêncio que cai entre eles é perturbador. Cláudio se levanta e sai da casa, indo encostar-se no carro. Beto vai atrás dele.

- Não pode ser, Cláudio. Eu não acredito que seja isso. Não pode ser isso. Quem sequestraria seu irmão e... por quê?

- É óbvio que eu não posso responder quem, mas por quê... O porquê é bem evidente, Beto. Meu pai é um dos homens mais ricos dessa região e todo mundo conhece ele.

- Mas, nesse caso, se acontecesse... um sequestrador preferiria levar uma de suas irmãs. Elas são pequenas. Seria muito mais fácil dominar uma criança e o lado afetivo da coisa pesa muito mais nelas por serem meninas.

- Eu não sei mais o que pensar. Não sei como eu vou voltar para Quatro Estrelas e contar pro meu pai e pra todo mundo... que o Wagner desapareceu da face da terra.

- A gente vai com você.

- Não precisa...

- A gente vai, ponto final. É nosso amigo que está sumido. Eu sei que o Wagner faria isso por mim e por qualquer um de nós. Eu vou chamar todo mundo.

Enquanto ele entra em casa, Cláudio entra no carro e esconde o rosto nos braços sobre o volante, exausto por tudo que aconteceu naquela manhã.

RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... CASA BRANCA

PARTE 32

BOA TARDE E OBRIGADA!

DEUS ABENÇOE A TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 07/02/2018
Código do texto: T6247792
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.