RP - ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA - PARTE 38

ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA

PARTE XXXVIII

Alguém bate à porta do quarto levemente e a abre em seguida. É Tânia que, ao ver os dois, pergunta, com certa ironia:

- Atrapalho?

Nenhum dos dois responde. Ela entra, olha para Magda e se aproxima do marido, colocando a mão em seu peito.

- Você vai dormir aqui?

- Vou, mas você não precisa ficar se não quiser.

- Você não parece bem, ela passa a mão por seu rosto. - Acho que nem almoçou hoje.

- Quem pensa em comer numa hora dessas? – ele diz, segurando a mão dela. - Mas não se preocupe. Eu estou bem.

Ele vai dar uma última olhada em Magda e depois fecha as cortinas da janela. Mônica vai sair do quarto e Tânia pergunta, antes que ela saia:

- Então a bomba estourou mesmo, hein?

Mônica e Cláudio olham ao mesmo tempo para ela.

- O que foi? - Mônica pergunta, fingindo não entender o que a prima disse.

- O resultado da festinha. Tio Jairo contou pros meus pais. Eu imaginei que aquilo não podia dar em outra coisa.

Mônica não se altera, muito pelo contrário, sorri e diz:

- Pois é, estamos na mesma situação... prima.

- Não, não estamos. Eu sou casada com o pai do meu filho. Ao contrário de você.

Mônica olha para Cláudio e depois novamente para ela e retribui:

- Mas apesar disso, o pai do meu filho me ama.

- Mas fugiu daqui pra se livrar da culpa.

- Você não tem nem ideia do que está falando...

Ela sai do quarto sem esperar resposta. Tânia gritaria, se não estivesse onde está, mas contém a explosão.

- Quem ela pensa que é pra falar desse jeito comigo?

- Mônica Martinelli Telles... sobrinha do seu pai, sua prima, ele responde. - Tem o mesmo sangue que você nas veias e vai ter um filho, como você. Você nunca consegue demonstrar o mínimo de respeito pelas pessoas, mesmo sendo da sua família.

- Você está brigando comigo por causa dela?

- Eu não estou brigando com você, ele diz calmamente. - E se estivesse, seria por sua causa mesmo. A gente só briga por sua causa. Lembre-se disso no futuro.

Os olhos dela se enchem de água.

- Não começa com isso, Tânia, Cláudio continua. – Você magoa as pessoas, eu interfiro e sempre acaba em lágrimas. Por que você não pensa antes de falar alguma coisa cruel?

Ele sai do quarto e ela o segue.

- Eu vou te levar pra casa, ele diz, descendo as escadas.

- Eu vou ficar, ela diz.

Cláudio para e se volta.

- Vai?

- É o mínimo que eu posso fazer. Você tem razão. Eu tenho que ficar ao lado da família num momento difícil como esse. Wagner é meu cunhado.

- Mas você não gosta dele. Não tem obrigação nenhuma.

- Mas gosto do seu pai, da Magda e amo você. Vocês estão sofrendo. Não é justo que eu fique em casa. Eu vou ficar.

- Muito bem. Você é quem sabe.

Na manhã seguinte, como foi combinado no dia anterior, Beto vai com a caminhonete do pai para a praça da matriz esperar a turma toda que vai voltar junto a Quatro Estrelas para continuar dando apoio à família Valle pelo desaparecimento de Wagner. Sandra chega logo em seguida. Ela o beija e se senta ao lado dele no banco da praça.

- Como é que você está? - ela pergunta, acariciando seu rosto. – Conseguiu dormir?

- Pouco e... quando consegui, tive um sonho muito estranho.

- Sonho? Que sonho?

- Foi quase um pesadelo.

- Quer me contar?

- Eu acho que vai ser até melhor. Dizem que quando a gente conta um sonho ruim, ele não acontece. E eu não quero nem pensar em ver de novo o que eu sonhei...

- Então conta.

- No sonho... eu via um cara que parecia o Wagner, mas não era ele, não sei bem explicar... era igualzinho a ele: cabelo claro, cacheado como de anjo, feito o do Wagner... a roupa era igual a que ele foi com a gente pra Campinas, lembra? Tudo era igual, mas eu só não conseguia ver o rosto dele... De repente, alguém, que eu também não consigo ver, começa a bater muito nele, um soco atrás do outro, como se estivesse com um ódio enorme, muita raiva mesmo... O Wagner desmaiou e mesmo depois de desmaiado, a pessoa continuava batendo nele sempre e com mais força. Como eu não conseguia fazer nada, nem gritar pra aquilo parar, tentei fechar os olhos e não ver mais, mas toda vez que eu abria os olhos, a cena estava lá na minha frente, horrível... Aí, a pessoa parou de bater nele, pegou um punhal e quando ia desferir o golpe, eu acordei... assustado e suando em bicas. Eu devo ter gritado, não sei. Meu irmão também acordou e estrilou comigo por isso.

- Que coisa horrível, Beto.

- Não conta isso pra turma. Não quero assustar ninguém.

- O Wagner está bem, amor. Foi só um sonho ruim.

- Vamos rezar pra que não seja outra coisa senão isso. Meu amigo não merece passar por uma coisa assim.

- Será que dava pra gente passar na igreja do Desterro antes de ir pra fazenda?

- Claro... – ele diz, beijando a namorada.

A turma toda vai chegando à praça. Até Leo que voltou de Ribeirão Preto quando recebeu o telefonema de Beto contando o ocorrido. Todos sobem na caçamba da caminhonete que sobe a estrada do Desterro. Ao chegar ao largo da pequena igreja que tem em sua fachada principal um imenso painel feito com pastilhas retratando a fuga de Maria e José com o Cristo menino para o Egito, criado pelo professor Ganymédes José, escritor muito conhecido na cidade, Sandra pede para parar. Quer fazer uma prece a Nossa Senhora do Desterro por Wagner.

Todos concordam e fazem o mesmo, depois seguem viagem.

RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... CASA BRANCA

PARTE 38

OBRIGADA E BOA TARDE!

DEUS ABENÇOE A TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 09/02/2018
Código do texto: T6249624
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