RP - ERA UMA VEZ... EM LONDRES? - PARTE 9

ERA UMA VEZ... EM LONDRES?

PARTE IX

CASA BRANCA

Quando Leonardo volta de Campinas com Jorge e fica sabendo onde o filho está, por Magda, fica muito nervoso.

- Quem aquele velho pensa que é? Tirar meu filho daqui a força!

- Isso é impressionante, diz Jorge. - Como ele conseguiu isso?

- Não houve tempo suficiente pro Wagner dizer tudo ao telefone, responde Magda. - Mas acho que nem ele mesmo sabia direito como.

- Ele tem dinheiro e acha que pode fazer o que der na telha, é isso. Manipular a vida das pessoas. Eu já estava muito satisfeito sabendo que ele estava lá bem longe de nós. Que é que ele quer de mim agora? A neta dele está morta há vinte anos. Ele quer me fazer perder a cabeça a troco de que agora?

- Calma, Leonardo. O importante é que o Wagner está bem, Bárbara diz.

- Não tenho muita certeza disso, Bárbara. Esse velho é capaz de tudo.

- O que ele poderia fazer de tão ruim ao próprio bisneto?

- Eu não sei. E não vou esperar pra ficar sabendo. Eu vou até lá.

- Não há necessidade disso, homem, se o próprio Wagner disse que está bem... – Jorge diz tentando acalmar o amigo.

Leonardo não responde. Sobe nervoso e Magda pede licença ao casal e o segue. Jorge se senta.

- Se ele soubesse o que o filho fez, não estaria tão apreensivo por ele.

- Por favor, Jorge, não comece com isso, Bárbara diz, sentando-se a seu lado. – Aqui não.

- Tão diferente do irmão... Cláudio nunca faria uma safadeza desse tipo.

- Ninguém tem certeza de nada ainda, ela continua. – Mônica não confirmou nada. Nem você nem o Jairo podem acusar o garoto de nada sem provas.

- E quem poderia ter sido, Bárbara? Ele a levou pra tal festinha.

- Mas havia mais rapazes com ela. Ele não era o único.

- Então por que Mônica não quer dizer o nome? Se fosse qualquer outro ela não teria motivo pra esconder. Nenhum deles teria nada a perder, mas ele é filho do sogro da sua filha, que inclusive ele detesta. Ela está com medo de envolver Leonardo e Cláudio num escândalo.

- Isso não faz sentido nenhum.

- Além de tudo esse rapaz sempre me pareceu um desmiolado. Além de não fazer nada na vida, vive à custa do pai...

- A culpa dele agora é por ser rico, tem graça isso?

- E foi logo escolher minha sobrinha pra aprontar as dele. Jairo tem razão de sentir vontade de lhe dar uma lição. Se não fosse a amizade que eu tenho por Leonardo e se ele estivesse aqui, eu mesmo daria uma surra nele...

- E graças a Deus ele não está aqui. Acho que vocês estão fazendo tempestade num copo d’água. Um filho não é um problema. Mônica está grávida, mas isso não vai matá-la. Desde o começo do mundo é assim.

- Você já se acostumou de tanto ver mães solteiras deixando filhos recém-nascidos no seu orfanato. Pra você isso é normal.

- Claro que não é normal, mas se formos pensar na Mônica e no Wagner, ela é solteira, ele também. Casamos dos dois e teremos a repetição de Cláudio e Tânia. Que problema há nisso?

- Você está sendo muito simplista, Bárbara. São duas crianças.

- Ele é mais velho que Cláudio quando se casou. Você está complicando demais, Jorge.

- Cláudio era maduro demais aos dezoito anos. Wagner não sabe fazer outra coisa a não ser participar de todas as festinhas que acontecem na cidade, andar de moto e passar a noite na rua.

- Ele já sabe que vai ser pai?

- Eu sei lá! Mas eu gostaria que, antes de saber, ele levasse uma boa surra do Jairo. Eu imagino como deve estar sendo difícil pro meu irmão encarar esse problema. Qualquer problema que envolva Mônica é uma tragédia elevada ao triplo pra ele. Ele não suporta vê-la sofrer.

- Ela disse que está sofrendo?

Jorge não responde.

- Acho que não. A Mônica que eu conheço é mais forte do que vocês pensam. E lhe digo mais, ela não foi seduzida. Muito pelo contrário, me atrevo a dizer que talvez até ela tenha provocado isso pra sair dessa redoma de vidro onde o Jairo a colocou desde que a Lorena o deixou. Ela sabe o que está fazendo.

- Chega, Bárbara. Eu não quero mais ouvir você dizer nada. Nunca te ouvi dizer tanta sandice junta.

- Você e o seu irmão são dois quadrados. Você, eu ainda entendo, não está muito em contato com esse tipo de situação, mas o Jairo está, todos os dias, ouvindo histórias de mães solteiras no hospital dele. O caso de Mônica nem se encaixa em nenhum desses casos. Ela é moça bem nascida, o Wagner também. Mesmo que eles não se casem, não haverá nada no mundo que impeça essa criança de ter um lar decente, com todo conforto que ela merece e um futuro lindo.

- Mas nunca mais vai ser a mesma coisa entre as duas famílias. Meu irmão não vai perdoar o Wagner nunca e eu lhe dou razão.

- Repito: vocês são dois quadrados. Quem já está cheia disso sou eu. Vou ajudar Matilde no jantar.

- Cuidado pra não deixar cair as bobagens que tem na sua cabeça dentro das panelas.

- Se cair, eu faço questão de que você coma. Pode ficar um pouco mais atualizado com as coisas do mundo moderno e convencer seu irmão de que ser avô aos trinta e cinco anos não é nenhuma tragédia. É uma bênção.

Ela lhe mostra a língua e vai para a cozinha ajudar Matilde.

Nenhum dos dois imagina que um ouvidinho muito agudo estaria ouvindo com muita atenção toda essa conversa, do lado de fora da janela da sala.

Diana, ao ouvir tudo aquilo, sai correndo dali e vai sentar-se ao pé de uma árvore à beira da alameda, com as ideias borbulhando em sua cabeça.

O dia começa a morrer.

RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... EM LONDRES?

PARTE 9

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 13/02/2018
Código do texto: T6252409
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