RP - ERA UMA VEZ... EM LONDRES? - PARTE 14

ERA UMA VEZ... EM LONDRES?

PARTE XIV

Cláudio fica na mesa com Diana que se delicia com um pedaço da torta de maçã feita por Matilde. Ele fica olhando para ela, mas seu pensamento está com a mulher. Imaginando o que aconteceria se Leonardo tivesse percebido o que ela tentou jogar no ar a respeito de Mônica. Se Bárbara não tivesse jogo de cintura para contornar a situação, tudo estaria perdido. Ela quase pôs tudo a perder por pura maldade.

Diana percebe o olhar distante do irmão e pergunta:

- O que foi? Quer um pedaço?

Ele sorri e balança a cabeça negando.

- Não, não quero é que você coma demais. Você vai dormir daqui a pouco e estômago cheio não dá bons sonhos a ninguém.

- Mas está tão bom... Não quer mesmo?

- Já disse que não.

- A Tânia não gosta mesmo do Wagner e acho que nem da prima dela. Ela quase falou bobagem na mesa, ela diz em voz baixa, sem olhar para ele, olhando sempre para a torta.

- Do que você está falando, Diana? - ele pergunta no mesmo tom de voz.

- Até eu sei que mulher grávida tem enjoo. A mamãe explicou isso pra mim, quando estava esperando a Elis. Ela vivia colocando tudo pra fora. Ainda bem que o papai não percebeu o que a Tânia quis dizer.

- Eu te pedi pra não falar sobre isso aqui dentro.

- Eu estou falando só com você e bem baixinho.

- Nem comigo e em altura nenhuma.

Ela enche a boca de torta e mastiga bem devagar. Cláudio ri.

- Você não é gente.

Diana termina de mastigar, limpa a boca com um guardanapo, se levanta e dá a volta na mesa, indo sentar-se no colo do irmão.

- Vai me dizer boa noite hoje?

- Posso dizer agora: boa noite! - ele brinca.

- Não, lá no meu quarto, você entendeu.

- Vou, depois de você escovar os dentes e lavar esse rosto sujo de torta.

- Oba! Não sai daqui. Eu me troco num instantinho.

Ela vai sair correndo, mas ele a segura.

- O seu quarto não saiu da casa. Não precisa correr subindo as escadas.

Antes que ele tenha terminado de dizer isso, ela já está subindo as escadas de dois em dois degraus.

- Moleque! - Cláudio ralha, balançando a cabeça.

Matilde vem da cozinha e começa a tirar a mesa.

- Quer um cafezinho, doutor? Um pedaço de torta?

- Não, obrigado, Matilde. A única coisa que eu quero e que você não faz pra mim é parar de me chamar de doutor.

- O senhor é doutor. É um título tão bonito.

- Mas quando você veio trabalhar aqui, eu não era nem médico ainda.

- Mas já sonhava com isso, não é? Não consigo ver o senhor sem pensar nisso. Pra mim esse título já nasceu com o senhor.

- Não dá nem pra tirar o senhor?

- Vem junto com o título, ela diz, sorrindo timidamente.

- Tudo bem, mês que vem eu tento de novo, ele diz, sorrindo também.

Diana aparece no topo da escada minutos depois e o chama:

- Estou pronta!

Cláudio sobe e vai com a irmã até seu quarto. Ela se joga na cama debaixo das cobertas e ele a ajuda a se agasalhar, depois lhe beija a testa.

- Boa noite, pirralha.

- Ah, não vai ainda. Eu me lembro sempre de quando você ficava um tempo conversando comigo quando eu era pequena. Era tão gostoso.

- Faz tanto tempo. Você não tinha nem cinco anos e ainda se lembra disso?

- Claro! Já contei todas as estórias que você me contava pras minhas colegas. O teu casamento é que atrapalhou tudo. Você se mudou daqui...

- Vou te contar um segredo: eu sinto muita falta disso também.

- Eu falei sobre isso com a mamãe outro dia e ela disse que um dia eu também vou embora e vou deixar ela...

- Deixá-la...

- É, deixá-la sozinha. Mas não é a mesma coisa. Eu não sou irmã dela, sou filha.

- Talvez seja até pior, Diana. Ela é sua mãe. As mães se ligam muito mais aos filhos do que um irmão a outro. Não dá nem pra comparar.

- Mas eu não falo pra ela o que falo pra você.

- Pois devia falar. Ela tem muito pra te dizer e te ensinar, dependendo do que você disser. Mais do que eu.

- Mas ela está sempre ocupada com a Elisinha. Não tem tempo pra mim.

- Claro que tem. Você é que nunca a procura. Virou um bicho do mato. Só fica correndo pela fazenda o dia inteiro como um moleque. Eu sei que é gostoso. Eu e o Wagner fazíamos muito isso também, mas de vez em quando você pode parar um pouquinho e dar uma chance a ela de bater um papo mais demorado com você. Se você não faz isso, claro que ela vai se ligar mais na Elisinha. Ela está sempre dentro de casa e perto da mamãe.

- Ela não tem perna comprida pra correr comigo ainda.

- Aí é que está. Você tem e essa perna comprida vai acabar te levando pra longe da sua mãe.

- Como é que você sabe de tudo isso, se você não teve mãe?

- Que pergunta mais besta, Diana. Claro que eu tive mãe. Você acha que eu nasci como? Caí do céu no pasto da fazenda?

- Não foi? - ela pergunta, brincando e rindo em seguida.

- Você é tão boba, ele diz, fazendo-lhe cócegas e rindo também. – Eu estou falando sério. Eu não tive mãe presente como você, mas tive e tenho um pai que me ama e é meu amigo, como sua mãe é sua amiga.

- Homem com homem, mulher com mulher.

- Não tão definitivo como você está falando, mas é mais ou menos isso.

- Mas então por que os homens se casam com as mulheres?

Cláudio começa a rir de novo.

RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... EM LONDRES?

PARTE 14

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 15/02/2018
Código do texto: T6254286
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