RP - ERA UMA VEZ... EM LONDRES? - PARTE 22

ERA UMA VEZ... EM LONDRES?

PARTE XXII

Mônica desvia o olhar e pega um pãozinho de queijo que morde e sorri para Miguel que já vem voltando para a mesa. Ele voltou com dois copos de café puro e um com leite que coloca na frente dela.

- Cortesia da casa. Café puro não faz bem na gravidez.

Mônica e Cláudio olham para ele ao mesmo tempo.

- Miguel! - ela ralha com ele, em voz baixa.

- Calma, garota, eu não disse que é você que está grávida. E ninguém está ouvindo a gente. Estávamos falando da Beth.

- Não, a gente estava falando de você. Você está sempre falando em casamento, mas nunca se decide. Eu sei de pelo menos cinco enfermeiras aqui dentro que dariam seu diploma pra passar pela sua inspeção.

- Eu não sou tão fácil assim e já tenho alguém em vista, ele diz, tomando um gole de café e apanhando um pãozinho de queijo no prato diante dela. – Se isso não fosse feito em Minas, eu inventaria. Eu sei fazer um pãozinho de queijo que nenhuma mulher poria defeito.

- Mentiroso... - Mônica duvida.

- Não acredita? Estou mentindo, Cláudio?

- Não, eu já provei. Ele levava pra gente na faculdade. Eram muito bons.

- Ainda não acredito. O Cláudio é suspeito. Vocês são amigos. E por que você não traz pra nós aqui?

- Que garota desconfiada, Jesus! Eu não tenho mais tempo depois que comecei a clinicar. Eu só faço quando vou pra casa e, quando faço, não sobra.

- É piada sua. Isso não é verdade.

- É sério, garota!

Leda se aproxima da mesa apressada e toca o ombro de Cláudio.

- Com licença, doutor Cláudio, há uma pessoa na emergência que quer ser atendido pelo senhor.

- Por mim? Meu plantão acabou a dez minutos, Leda.

- É alguém que o senhor conhece. O Luís Augusto Antunes, amigo do seu irmão. Ele está na emergência com a perna quebrada e quer ser atendido pelo senhor.

Cláudio acha estranho, mas, por ser amigo do irmão, se levanta e vai com ela que antes de segui-lo olha para Miguel com um olhar comprido.

- Oi, doutor Miguel...

- Oi, Leda. Tudo bem?

A enfermeira se afasta. Mônica sorri discretamente e olha para o copo.

- Qual é a graça? - Miguel pergunta. - O Guto querer ser tratado por um pediatra aos dezenove anos?

- Não, o olhar que a Leda lançou pra você. Ela te adora.

- Que pena... Não é o meu tipo. Ela é uma gracinha, mas muito sem... tempero.

- Engraçado, antes de casar a mulher tem que ter tempero, depois se o marido chega em casa e ela está cheirando a alho e cebola, a coitada é chamada de bucho. Dá pra entender?

- Ah, você entendeu. Ela não faz meu tipo e ponto.

- E qual é seu tipo, doutor? Pode-se saber?

- Hum... morena, pequenininha, cabelos bem curtinhos, dezessete anos, olhos castanhos, um metro e sessenta e dois... e grávida de quatro meses.

Ele fala tudo isso olhando em seus olhos. Miguel acabou de descrevê-la. Mônica fica boquiaberta, séria no início, mas olha em volta e acaba rindo.

- Seu bobo!

- Sou mesmo. Um grandessíssimo idiota, mas amo você.

- Miguel! Você sabe que...

- Nada disso. Calada. Eu não falei isso pra receber um fora de você aqui. Já estou muito velho pra isso. Eu não te coloquei contra a parede, só respondi sua pergunta. Não quero resposta, porque não tem resposta e, mesmo que tivesse, eu já sei qual seria. Esquece o que eu falei, tá?

Ele se levanta, bebe o resto do café, beija a ponta dos dedos, toca sua boca e se afasta.

- Tchau, gata.

Mônica o segue com os olhos e diz para si mesma:

- Médico errado, Mônica...

Guto ou Luís Augusto Antunes, está esticado numa maca na sala de emergência gemendo de dor e cercado pela turma que faz tudo para acalmá-lo. Quando Cláudio chega perto dele e examina sua perna, pede a Leda.

- Leda, avisa o doutor Alonso, rápido. Já devia ter feito isso.

- Ele não quis, doutor...

- Ele não tem querer. Ele não é paciente pra mim, não deu pra perceber?

- Não, doutor Cláudio, eu não quero outro médico... Guto geme agarrando-se no braço dele.

- Calma, Guto. Como aconteceu isso?

Todos querem responder ao mesmo tempo.

- Gente, um de cada vez, por favor, e calma! Isso é um hospital! Beto, que foi que houve?

- Ele caiu e a moto caiu em cima da perna dele.

- Como? Ele estava onde? Vocês não estavam apostando corrida, estavam?

- Não, era... uma corridinha de nada, responde Leo.

- Corridinha de nada...? Isso vai ficar pelo menos dois meses engessado.

- Tudo isso? - o doente pergunta. – A perna toda?

- Acho que sim, mas eu estou falando só pela experiência do que eu tenho visto. Eu não vou poder cuidar de você...

- Não, tem que ser o senhor...

- Guto, eu sou pediatra. Você já tem dezenove anos! Isso é caso de ortopedia. O doutor Alonso já vem vindo. Fique tranquilo, ele...

- Não quero outro médico...

- O doutor Alonso vai saber o que fazer, Guto. E vocês vão ter que esperar lá fora.

- Ele tem razão, Guto, diz Beto. – A gente te espera aí fora.

- Ai, mamãe! Deixa pelo menos a Dina ficar, doutor.

- Não dá. Vai ficar tudo bem.

A cada gemido do rapaz, uma expressão de dor aparece no rosto de cada um dos jovens, que vão saindo lentamente orientados pelo segurança.

RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... EM LONDRES?

PARTE 22

OBRIGADA E BOA TARDE!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 17/02/2018
Código do texto: T6256564
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