RP - ERA UMA VEZ... EM LONDRES? - PARTE 32

ERA UMA VEZ... EM LONDRES?

PARTE XXXII

LONDRES

Depois de ter falado com Cláudio por telefone, Mr. Russel sai muito satisfeito de seu escritório e retorna à sala. Senta-se em sua cadeira, onde continua a ler seu jornal. Wagner está de volta do curto passeio que fez com Linda e se senta no sofá.

- Está se sentindo melhor? Stanley pergunta, olhando por cima dos pequenos óculos de leitura.

- Mais ou menos... Está frio demais pro meu gosto.

- Você gostaria de sair comigo agora?

- Acabei de vir da rua...

- Agora o passeio é comigo. Vou lhe mostrar a minha versão de Londres.

Wagner se anima, pois está mesmo querendo conversar com o bisavô e tirar suas dúvidas sobre o motivo de estar ali.

- Passear com o senhor...

- Isso mesmo. Nós podemos conversar sobre o que você quiser. Eu posso levá-lo aos lugares mais famosos de Londres ou onde você quiser. A ideia lhe agrada?

- É... Não marquei nada na minha agenda pra hoje. Pode ser.

- Linda!

- O carro já está lá fora e pronto pra sair, Mr. Russel, ela diz prontamente. – Já avisei ao Teo também.

Mr. Russel solta uma gargalhada aprovadora.

- Se eu fosse cinquenta anos mais novo, já teria me casado com você, Linda.

- Com Teo e tudo? Wagner pergunta, olhando para Linda pelo canto do olho.

- Eu não teria dado tempo a ele de aparecer. Conheci Linda muito antes dele.

Linda olha para ele com um sorriso de filha que ouve os elogios do pai.

- O carro já está aí fora. Aproveitem enquanto o tempo está bom.

Ela e Wagner ajudam Mr. Russel a se levantar, mas ele só procura se desvencilhar dos braços deles, reclamando:

- Eu sei andar sozinho. Me soltem. Sou velho, mas não sou inválido.

Os dois o deixam livre, sorrindo, e ele sai da casa antes deles.

Teo já está de pé, junto do carro em frente à porta de entrada, esperando por ele. Abre a porta traseira para que o velho e Wagner entrem. Depois olha para Linda e pisca para ela sorrindo, entrado no carro pelo lado do motorista. Faz com que o lindo Rolls Royce deslize pela alameda até o portão da propriedade.

- Nós devíamos ter trazido a Linda, o velho diz. – Ela conhece a cidade melhor do que ninguém.

- Conhece mesmo. Ela me levou a uns lugares bem irados hoje.

- Irados? Não gosto de lugares assim.

Wagner ri.

- Irado é uma gíria brasileira. Quer dizer... bacana, legal, nice...

- Hum... Vou ter que aprender algumas coisas novas com você...

- O senhor já sabe muito. Seu português é perfeito. Foi a Linda que o ensinou a falar tão bem?

- Grande parte. Quando sua mãe começou a se relacionar com seu pai e eu descobri que ele era brasileiro, resolvi aprender sua língua para poder dizer tudo que eu pensava na língua dele, não em inglês, pra que não restasse dúvidas. Mas nem deu tempo. Ele fugiu com ela pro Brasil, antes que eu pudesse fazer isso.

- O senhor está contando as coisas aos pedaços. Isso me deixa irritado. Não é melhor começar do início e contar tudo de uma vez, pra que eu possa entender o motivo desse rolo todo?

- Rolo?

- Confusão, dessa discórdia entre o senhor e meu pai.

- Você quer mesmo saber?

- Quero e devo. Não foi pra isso que eu vim pra cá? É meu direito, não é?

- Eu acho que você ainda não está preparado.

- Eu não sofro do coração, vovô. Desembucha, vai.

Mr. Russel olha para ele franzindo a testa.

- Que foi? - Wagner pergunta.

- Você tem um modo muito esquisito de falar. Usa palavras que não têm nada a ver com o que se está dizendo.

- Eu prometo que não abro a boca, enquanto o senhor estiver contando. Mas comece, por favor.

- Well, por onde você quer que eu comece?

- Do dia em que o senhor conheceu meu pai. Deve ter começado daí, não?

- Não. Começou muito antes. Bem, era o ano de mil, novecentos e cinquenta... não, era quarenta e nove. Logo no início do ano. Eu era só um pouco mais velho do que seu pai é agora. Meu filho tinha saído em viagem com a minha nora para a Escócia. Ele tinha negócios lá e deixou Christy comigo e a avó. Ela tinha vinte anos e era uma moça muito bonita. Tinha os olhos verdes e os cabelos claros, como os seus. Era mesmo uma moça muito bonita, só não era muito ajuizada... infelizmente. Era geniosa e até um tanto desligada, como vocês dizem. Mas era uma boa menina e nós a amávamos muito, eu e minha mulher. Nunca havia nos dado problemas até que... até que conheceu Leonardo Valle.

Wagner sorri sutilmente.

- Que foi? - Stanley pergunta.

- Nada... Continue.

- Bem, seu pai estava fazendo uma viagem de férias e de negócios ao mesmo tempo por aqui. Pelo menos foi o que ele disse a ela. Minha neta o conheceu numa exposição de arte e ele, mais experiente, conseguiu cativá-la com suas conversas. Desse dia em diante, ela passou a encontrá-lo sempre, me vários lugares da cidade. Quando eu fiquei sabendo disso, não estranhei. Ela era perfeitamente livre para arranjar o namorado eu quisesse, desde que nós, no caso eu, soubesse de quem se tratava. Comecei a investigar a vida dele ou melhor, mandei investigar e descobri que ele não estava querendo nada mais do que se aproveitar da posição e do dinheiro dela. Ele sabia que ela era herdeira de uma das maiores fortunas na Inglaterra e começou a tirar proveito disso.

Wagner se ajeita no banco do carro e ia dizer alguma coisa, mas Stanley o interrompe.

RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... EM LONDRES?

PARTE 32

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 21/02/2018
Código do texto: T6259842
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