RP - ULTRASSOM - PARTE 17

ULTRASSOM

PARTE XVII

- Olha... eu tenho uma proposta pra fazer a vocês... diz Miguel.

- Que proposta? – Cláudio pergunta.

- Vocês sabem, eu moro em Poços. A minha casa fica praticamente vazia a semana inteira. Só minha mãe mora lá. Eu só vou pra lá de quinze em quinze dias ou de vez em quando à noite e...

- E o quê? - Cláudio pergunta, seco.

- Eu cederia minha casa pra vocês ficarem o tempo que precisassem, até...

- Não, obrigado, diz Cláudio.

- Cláudio, vocês... e principalmente ela, ficariam bem lá. Pelo menos até vocês se estabelecerem em algum lugar mais seguro.

- Já falei: não. Eu já devo muito a você por tornar minha vida mais emocionante do que eu pretendia. Eu não vou ficar na sua casa. Não quero você envolvido ainda mais nesse assunto. Obrigado.

- Pensa nelas, cara.

- Eu não penso em mais nada ultimamente, Miguel. Me deixa fazer as coisas do meu modo. Quem tem que tomar uma atitude agora sou eu. Procura ficar fora disso... se conseguir. Você já se meteu demais.

Cláudio olha novamente para o monitor e depois para Mônica.

- Meu irmão voltou.

- Fiquei sabendo. Ele está bem?

- Está... Eu vou ter que ir até em casa agora, depois vou passar no Desterro, mas a gente se fala.

Ele a beija de novo, apaixonado.

- Eu te amo, diz baixinho.

- Eu também, ela diz, acariciando o rosto dele.

Cláudio passa por Miguel sem olhar para ele e sai do consultório.

- Esse orgulho dele ainda vai matá-lo, diz Miguel.

- Para de dizer besteira... Não é orgulho. Ele está tão assustado quanto eu.

Quando sai do prédio, no estacionamento, Cláudio encontra Tânia que está esperando por ele dentro do carro da mãe. Ele se aproxima da janela do veículo.

- Oi. O que você está fazendo aqui?

- Vim te buscar, ela diz, sorrindo. – Você não vai pro orfanato? Estou vindo de lá.

- Vou... mas eu vou passar em casa antes.

- Eu te levo. Vou levar o carro pra minha mãe. A gente faz tudo junto. Entra.

Ele pensa um pouco, mas dá a volta e entra no carro, ainda que contrariado. Tânia coloca o veículo em movimento.

- Fiquei esperando você em casa pra almoçar.

- Eu não sabia...

- Eu sei. Não estou reclamando. Foi só um comentário. Você não estava aqui de manhã?

- Não. O Wagner voltou e veio direto pra cá me ver. Eu fui levá-lo até a fazenda.

- Seu irmão voltou? Que bom! - ela diz, tentando ser suave. – Como é que ele está?

- Bem, graças a Deus.

- Com pessoas do tipo dele nunca acontece nada de grave mesmo. Ele sempre se livra de tudo, ela diz, sorrindo.

Cláudio percebe a ironia.

- Vai começar? - ele pergunta.

- Absolutamente, meu amor. Foi só mais outro comentário. Eu tenho uma surpresa pra você, quando a gente chegar no orfanato.

- Surpresa? Que surpresa?

- Se eu disser, não será mais surpresa. Acho que você vai gostar. É um presente de Natal adiantando que a mamãe me ajudou a escolher pra nós dois.

Ele apoia o braço na janela do carro e respira fundo, pensando no que pode ser.

Chegam em casa, entram, e Tânia diz:

- Eu vou preparar a mesa pra você almoçar...

- Eu não vou almoçar, Tânia.

- Eu sei que você não comeu nada hoje. Pelo menos nada decente. Coma só um pouquinho.

- Está certo. Eu vou trocar de roupa.

Cláudio sobe. Faz uma pausa, antes de abrir a porta do quarto. Quando entra, encosta-se na porta e olha em volta. Tudo parece em ordem. Fecha os olhos e pensa na visão da filha, no monitor do ultrassom. Uma menina. Sorri por um momento, mas se lembra que não tem o direito de pensar naquilo, ali. Volta à realidade e vai até o seu closet, pega algumas roupas, põe tudo numa pequena mala e a coloca dentro do closet de novo. Depois troca de roupa e desce. Na sala de jantar, a mesa já está posta. Tânia se aproxima dele, sorridente.

- Eu quero jantar fora, hoje. Me leva? Eu sei que você não trabalha hoje à noite.

- Tânia...

- Por favor, a gente desce do Desterro, come alguma coisa no Barão e vem pra casa. Não peço muito.

Ele pensa que não pode provocá-la naquele momento. Acha melhor ceder.

- Tudo bem...

- Que bom! Agora senta e come. Eu vou te fazer companhia.

RETORNO AO PARAÍSO – ULTRASSOM

PARTE 17

OBRIGADA E BOA TARDE!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 21/03/2018
Código do texto: T6286690
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.