RP - ORLEANS - PARTE 2

ORLEANS*

PARTE 2

Wagner termina de pôr os tênis e se levanta para pentear os cabelos, diante do espelho. Diana, depois de observá-lo por um instante, diz:

- Você tem o cabelo encaracolado e loiro.

- Eu não sou loiro, meu cabelo é castanho claro.

- Dá no mesmo. O de nós três é preto que nem o do papai. Você é diferente de todo mundo aqui em casa. Diferente do Cláudio, de mim e da Elis. Por quê?

Wagner olha para si mesmo no espelho e pensa a respeito.

- Eu nunca tinha parado pra pensar nisso, mas deve ser porque... eu me pareço com minha mãe. Ela era inglesa, loira e tinha cabelos cacheados. Olha a foto dela ali no criado.

Diana faz o que ele pede e olha para a foto de Christy.

- Ela era bonita...

- A sua também é. A Magda é linda.

- É... ela concorda, sorrindo.

Depois de uma pausa em silêncio, ela volta a perguntar:

- Mas o Cláudio não é filho dela também? Ele parece mais com o papai.

- Diana, você está fazendo perguntas demais. Já não chega, não?

- É a primeira conversa que a gente teve sem brigar, ela diz sorrindo.

Ele olha para ela e sorri também.

- É verdade... Foi bom, não foi? Vamos descer?

- Quer apostar corrida até lá embaixo? - ela diz, levantando-se da cama.

- Não acho boa ideia sair correndo pela escada...

Ele mal termina de falar e ela já saiu pela porta.

- Maluca. Isso é trapaça, Diana!

Wagner pega a carteira sobre a cômoda e sai correndo atrás dela também, mas a menina é mais rápida que ele e quando ele chega à sala, ela já não está mais. Magda está arrumando a mesa com Elis sentada numa cadeira e, ao vê-lo descer correndo atrás da irmã, depois de já tê-la visto descer correndo também, assustada, pergunta:

- O que é isso, meu Deus?

- Pra onde ela foi? - ele pergunta.

- Saiu correndo feito doida pra fora. Vocês brigaram de novo?

- Não... ele diz, rindo.

Ele vai sair correndo de novo, mas dá de encontro com o pai que estava entrando.

- Desculpa, pai, foi sem querer.

- Meu Jesus, o que está acontecendo? O mundo vai acabar hoje? Vocês estão fugindo pra onde? A Diana acaba de sair feito uma bala pela porta.

- É que... Não, não é nada. A gente estava só... Besteira, pai. Está tudo bem.

- Você vai sair? - Leonardo pergunta, vendo o filho arrumado.

- É, eu... combinei com a turma às sete.

- São seis e quinze ainda. Daqui na cidade são cinco minutos de carro. Por que essa pressa toda?

- Isso... era outra coisa. Não era por isso que eu estava correndo.

- Vai jantar, antes de sair?

- Não, a gente come qualquer coisa no Orleans.

- Bem, voltamos à ativa... diz Magda, balançando a cabeça.

- Eu precisava conversar com você, filho. Nós ficamos tanto tempo separados...

- Também acho, pai, mas hoje não vai dar. Eu já marquei com eles, sabe? Amanhã a gente bate um papo longo, tá?

- Você é quem sabe, diz Leonardo com uma ponta de desapontamento. – Bom passeio.

Leonardo se aproxima de Magda e a beija. Passa a mão, carinhoso, na cabeça da filha e a beija também, depois sobe, sem dizer mais nada.

Wagner olha para o pai subindo as escadas depois para Magda de novo.

- Será que ele ficou zangado comigo?

- Nunca vi seu pai realmente zangado com nenhum de vocês de verdade, ela diz, sem parar de fazer o que fazia. – Magoado talvez...

- É que... eu não posso faltar com a turma. Faz tanto tempo que a gente não se vê...

- Seu pai não vai se importar com isso, Wagner. Ele já está bem acostumado com seu jeito. E você faz o que achar certo. Se, pra você, é melhor sair com seus amigos, do que ficar com seu pai depois de uma semana de ausência...

Wagner fica algum tempo pensativo.

- Você sempre tem um jeito seu bem próprio de me deixar culpado...

Ela olha para ele e sorri, sabendo que tocou dentro dele.

- Mas eu tenho que ir mesmo...

Magda encolhe os ombros.

- Você viu o Gart e a Linda?

- Aí fora. Estavam ouvindo o Chico tocando viola e cantando, aí no terreiro. Eles são muito simpáticos, viu? Você vai levá-los à cidade?

- Vou, a gente já tinha combinado.

- Divirtam-se.

Ele se aproxima dela e, sério, diz:

- Obrigado. Eu volto antes das dez, avisa o papai. Se ele ainda estiver acordado e não estiver muito cansado, a gente conversa um pouco ainda hoje.

- Eu aviso, mas você sabe que ele dorme cedo...

- É, sei... Tchau, mãe.

Ele a beija no rosto.

- Tchau, filho, ela diz, sorrindo.

Ele se afasta dela e ao passar por Elis que brinca no sofá, ergue-a no ar e beija suas bochechas.

- Tchau, docinho de leite!

RETORNO AO PARAÍSO – ORLEANS

PARTE 2

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 23/03/2018
Código do texto: T6288066
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