RP - ORLEANS - PARTE 3

ORLEANS*

PARTE 3

Fora da casa, Gart e Linda estão sentados à beira de uma fogueira no meio do terreiro, com alguns empregados da fazenda, ouvindo Chico tocar violão e cantar músicas sertanejas. Wagner se aproxima, procurando não interromper a canção e se senta ao lado de Linda.

Chico tem uma voz gostosa e canta “Chico Mineiro”, um clássico da música brasileira. Quando ele termina, todos aplaudem.

- Que letra triste tem essa canção... diz Linda.

- Mas é um clássico do nosso country, diz Wagner.

- É muito bonita, diz Gart. - Me lembrei do Bob. - Ele sempre toca pra gente músicas country americanas.

- Amanhã cedo, eu vou ligar pra lá pra saber deles. Mas... agora a gente tem que ir. Amanhã tem mais, não é, Chico?

- Com certeza, seo Wagner.

- Amanhã, ele prepara umas boas pra tocar especialmente pra vocês. E a gente pode até fazer um churrasco.

- Churrasco? - Gart pergunta.

- Barbecue, diz Linda.

- Hum, ótimo, o guarda-costas aprova.

- Vamos indo? Só que agora vamos no meu carro e eu dirijo.

Despedem-se do grupo e vão para a garagem. Lá estão guardados o Aston Martin que veio de Londres, a caminhonete na fazenda, um Peugeot preto setenta e seis que é o carro de Wagner, o carro que Leonardo usa para viajar e a moto Harley Davisson de Wagner também.

Gart se aproxima dela e toca no guidão.

- Que linda! É sua?

- É... Quer ir nela? Em dois segundos, você está na cidade com ela.

- Não... hoje não. Eu quero ser só turista hoje. Já foi bem estressante dirigir o Aston por aqui.

Wagner ri, vai pegar as chaves do carro penduradas na parede e entra no Peugeot. Gart e Linda entram também. Wagner sai da garagem em alta velocidade e buzina, despedindo-se dos peões na roda em volta da fogueira. Em segundos, está fora da fazenda.

- Os homens que trabalham para o seu pai são muito simples, mas muito simpáticos.

- E talentosos também, concorda Linda. – O Chico canta muito bem.

- Canta sim, pra um jardineiro.

- É ele que cuida das flores da fazenda? - Linda pergunta.

- Cada uma delas. Isso quando a Magda não resolve fazer isso ela mesma. Vocês tinham tempo pra se ligar em música lá em Londres?

- Não muito, apesar de vivermos num bairro cheio de mansões de artistas.

- Sério? Quais, por exemplo?

- A maioria você não conhece. São artistas de teatro de Londres e cantores de pubs que não fizeram sucesso aqui no Brasil.

- Mas tem um que você deve conhecer.

- Quem?

- Elton John.

- Você não está falando sério. O Elton John mora perto do vovô e eu estou sabendo disso agora?

- Você não perguntou...

- Vocês já o viram de perto?

- Vimos muitas vezes, mas geralmente de longe, ela diz.

- Mas viram.

- Mas ele é uma pessoa como qualquer outra, quando está em casa.

- Que legal, vou fazer uma visitinha pra ele quando estiver lá de volta.

- Se você conseguir...

- Por quê? Lá os vizinhos não se visitam?

- Ele não é tão vizinho assim. Mora no mesmo bairro só. Mas o Surrey é grande e gente como ele quase nunca está em casa.

- Isso eu sei, mas dá-se um jeito.

- Surgiu um boato de que ele encerrou a carreira agora em novembro. Foi uma comoção geral, mas ninguém aposta muito nisso.

- Não acredito também não. O cara tem músicas lindas e, se eu for até lá falar com ele, vai mudar de ideia também.

- Você está sempre querendo dar um jeito em tudo, não? - Linda diz sorrindo.

- Claro. Gart, tem um cigarro? Você não abre a boca pra nada, cara?

Gart acende um cigarro para ele e diz:

- Você fala por mim e por você.

Linda e Wagner riem gostosamente. Wagner coloca o cigarro na boca e diz:

- Ele ainda me agride na minha própria língua e diz que é meu tio, hein? Mas digam: o que vocês acharam da minha fazenda?

- Linda, um encanto, diz ela.

- E uma das mais prósperas da região de Casa Branca. Da região de São José do Rio Pardo é a quarta. Você pesquisou sobre isso, Linda?

- Não.

- Em menos de dez anos, meu pai conseguiu transformar esses seiscentos alqueires de terra na maior fazenda de gado leiteiro do Estado. A gente fornece leite para vários laticínios da região e até pro exterior. E tudo feito por ele, por aqueles caras que estavam lá naquela rodinha cantando pra vocês e mais alguns. Agora, como é que eu posso chegar pro meu pai e dizer... que aquelas terras e aquela fazenda são minhas? Eu acompanhei o esforço dele e sei que ele ama tudo aquilo mais do que tudo no mundo. Ou melhor, depois dos quatro filhos e da Magda, não tem mais nada com que ele se preocupe mais, gente. Eu preciso fazer alguma coisa pra passar aquela fazenda de novo pras mãos dele, pro nome dele.

RETORNO AO PARAÍSO – ORLEANS

PARTE 3

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 24/03/2018
Reeditado em 11/03/2019
Código do texto: T6288968
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