RP - ORLEANS - PARTE 15

ORLEANS*

PARTE 15

- Você não soube mais dele? – Linda pergunta a Wagner sobre Gilberto.

- Ele escreve de seis em seis meses. Pelo que me diz nas cartas, está bem, mas quem é que está bem, preso numa cadeira de rodas?

- Ele foi uma das pessoas procuradas para dar informações sobre você. Foi ele quem falou da Selma.

- Quando eu contei pra ele, nós tínhamos quinze, dezesseis anos. Ele até me ajudou a escrever uma carta pra ela. Uma carta cheia de erros de português, muito melosa, escrita em papel cor de rosa que ele tinha roubado da mãe... - Wagner ri - Eu nunca cheguei a mandar a bendita carta. Tenho até hoje guardada. Morro de rir cada vez que leio. Digo pra mim mesmo: “Não pode ter sido o Wagner que escreveu isso, meu Deus!” Eu não me enxergo dizendo aquelas coisas pra uma garota. É tanta bobagem junta que eu fico até com vergonha de me olhar no espelho depois.

- Me mostra qualquer dia?

- De jeito nenhum! Ficou doida?

- Mas esse é o amor mais puro que existe. O amor de criança. Com bobagem e tudo.

- Mesmo assim. Se ela cai nas mãos de algum dos rapazes, eu viro piada pro resto da minha vida. Acho que vou até rasgar, queimar...

- Você pretende ver a Selma, quando for a São Paulo?

- Pretendo não, eu vou ver. Esse negócio de ficar chocando paixão não dá certo. Eu quero me testar. Quero ver se eu sinto mesmo alguma coisa por ela ou se foi só ilusão de adolescente. Faz tanto tempo que a gente não se vê... Mais de dois anos... Aqueles olhos verdes nunca me saíram da cabeça. Ela é muito linda...

- Eu estou quase com ciúme... ela diz, sorrindo. – Estou ansiosa para conhecê-la. Uma garota pra deixar você desse jeito deve ser muito especial.

- Ela era. Quero ver se ainda é. E como toda bela... tem um pai que é uma fera! É alagoano, imagine. O pai e a mãe.

- Não sei o que isso significa, mas se você diz, eu imagino. Como vocês se conheceram?

Wagner vai começar a contar, mas ouvem o barulho da moto de Beto se aproximando.

- Eu acho que não vai dar pra contar agora. Olha lá quem vem vindo.

Os dois se afastam. A moto para e Gart e Beto descem dela.

- Muito romântico! - diz Beto, colocando as mãos na cintura. – O que vocês dois estão fazendo aqui, debaixo da fonte do anjo, deixando todo mundo maluco lá no Orleans?

- Nada demais, meus queridos guarda-costas. Eu saí da corrida e vim procurar essa ovelha perdida. E como podem ver com seus próprios olhos de lince, eu achei.

- Estava todo mundo pensando que você tivesse se estatelado em algum poste. A Janete está lá se descabelando.

- Coitadinha. Corre na frente e vá dizer pra ela que ela ainda não ficou viúva. Eu estou inteiro, graças a Deus. Nós já vamos indo.

- Você está bem mesmo?

- Estou, cara. Estamos, diz ele, olhando para Gart.

- Vamos voltar então, Gart. Vamos acalmar o pessoal.

- Quem ganhou a corrida? - Wagner pergunta.

- Seu melhor amigo, Beto responde, orgulhoso, fingindo ajeitar o nó da gravata que não existe.

- Fez direitinho como eu ensinei, não é, moleque!? Meus parabéns!

Eles batem as palmas das mãos. Beto sobe na moto.

- Você não vem, Gart?

Ele sobe também, mas Wagner percebe que ele está diferente. Quando a moto se afasta, ele diz:

- Tem gente demais se preocupando com a gente. O melhor é voltar agora mesmo.

Ele coloca o capacete e entrega o reserva a ela.

Quando chegam ao Orleans, volta tudo ao normal, mas Janete promete não sair mais de perto de Wagner e se enrosca em seu braço. Leo e Linda não ficam mais tão juntos como antes. Ele parece ter esfriado completamente, mas ela parece não se abalar com isso e parece estar muito melhor, depois da conversa que teve com Wagner.

Nove e meia.

Wagner se lembra que havia prometido à madrasta que voltaria para casa às dez e não quer desapontá-la. Ele se levanta.

- Pessoal, eu já vou bater cartão. Vou me mandar.

- Tão cedo? - pergunta Guto.

- A gente não dormiu direito essa noite, nós três. Viajamos a noite inteira. Uma caminha agora, vai cair como uma luva... ou como um pijama.

Volta-se para Janete.

- Me leva até o carro?

Ela sorri e se levanta, pegando sua mão.

- Vamos indo, Gart, Linda? Tchau, pessoal. Boa noite e juízo. Aconselho todo mundo a ir pra casa.

- Amanhã tem mais? - pergunta Beto.

- Amanhã, eu quero todo mundo na casa da represa, na fazenda. Preciso ter uma conversa séria com todo mundo. Todo mundo, Guto, Dina, Leo, Laura, Beto, Sandra... e Janete, lá às cinco.

- Mas por que na casa da represa? Tem um tempão que a gente não marca nada lá. Só quando éramos moleques.

- Resolveu voltar a ser criança, Wagner? - Leo pergunta.

- Resolvi. A gente vai fazer uma molecagem. Quem estiver comigo que se apresente lá amanhã. Nós vamos aprontar uma travessura que Casa Branca nunca viu.

- Estaremos lá, confirma Beto.

Wagner sai da discoteca com Janete pela mão. Gart e Linda saem com ele.

- Gart, vai abrindo o carro. Eu vou só levar a Janete em casa. É aqui pertinho.

Ele joga a chave para Gart e segue pela calçada com Janete que mora ali perto, numa rua paralela.

RETORNO AO PARAÍSO – ORLEANS

PARTE 15

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 28/03/2018
Código do texto: T6292772
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