RP - ORLEANS - PARTE 17

ORLEANS*

PARTE 17

Wagner vai rapidamente acender a luz para ter certeza de quem é e vê o pai sentado em sua cadeira.

- Pai?

- Boa noite. Te assustei?

- Você nem imagina... Eu pensei que já estivesse todo mundo dormindo. Você nunca ficou esperando por mim...

- Acho que perdi o sono. Não quis ficar rolando na cama, pra não incomodar a Magda e desci.

- Quer um calmante?

- Você sabe que eu não gosto dessas coisas. E eu não estou nervoso. Só estou sem sono. O dia foi bem atípico, hoje.

- O que faz a gente perder o sono são os nervos. Você pode estar e não sabe.

- Não estou, fique tranquilo. Divertiu-se? - pergunta Leonardo, mudando bruscamente de assunto.

Wagner vai pegar o leite e o bolo e se senta sobre a mesa. Toma um gole de leite.

- Muito.

- E seus amigos, Gart e Linda?

- Também, eu acho. Eles não estão acostumados com esse tipo de coisa.

- Em Londres não tem discoteca?

Wagner ri.

- Claro que tem, você sabe disso, mas eles não tinha muito tempo pra esse tipo de... diversão. Eram empregados do vovô.

- Ah... eram? E agora? Perderam o emprego e vieram com você?

Wagner percebe que o pai está querendo iniciar uma conversa que eles já deviam ter tido logo que ele chegou. Sente receio de dizer alguma coisa sem pensar, algo que possa magoar o pai, mas não quer mentir e nem esconder nada.

- Não, eles... não perderam o emprego.

- E como podem ser empregados de um homem morto?

- O homem morto deixou um testamento. Eles são empregados de quem tomou posse dessa fortuna.

- E essa pessoa é você.

Wagner toma outro gole de leite para molhar a garganta e desce da mesa.

- Já está tarde, pai. É melhor a gente ir pra cama.

- Não dá nem pra responder sim ou não?

Ele engole o leite.

- Eu prometi pro senhor que nós conversaríamos amanhã. Eu estou cansado e com sono agora...

- O que há de tão misterioso nesse seu relacionamento com seu bisavô que o impeça de responder uma pergunta simples numa conversa rápida?

- É que isso não é hora de se ter uma conversa desse tipo. São dez e meia da noite... e eu estou morrendo de sono...

- Não fui eu quem marcou esse encontro com seus amigos. Poderia ter ficado em casa e dormido à tarde, não estaria cansado agora. Se você não está querendo conversar comigo, diga. Não invente desculpas esfarrapadas pra tentar me enrolar.

Wagner encara o pai por algum tempo. Coloca o copo de leite sobre a mesa e cruza os braços.

- Só que, depois disso, não vai ter mais clima pra gente conversar. Eu não gosto de fazer nada sob pressão. Se você quer saber se eu sou o herdeiro de Mr. Russel, eu respondo: sou. Mais alguma coisa?

- Eu não estou pressionando você, Wagner... Leonardo diz, calmamente.

- O senhor quer saber também se ele se lembrou de que Quatro Estrelas era dele, eu também respondo: lembrou. Ele nunca esqueceu. E ela agora, por lei... é minha. Tudo que era dele, agora é meu.

Leonardo se levanta ainda tranquilo e encara o filho. Wagner tem a respiração alterada.

- Mas eu daria tudo... pra não ter nada e... tê-lo do meu lado, vivo ainda... porque eu gostava dele. Ele era um velho maravilhoso que você endureceu. Você e minha mãe...

Leonardo vai até a janela lentamente, tentando esconder os olhos que começam a marejar. Wagner percebe o modo brusco com que disse tudo aquilo e se arrepende.

- Pai... Desculpa...

Leonardo não responde. A emoção não deixa.

RETORNO AO PARAÍSO – ORLEANS

PARTE 17

OBRIGADA E BOA TARDE!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 28/03/2018
Código do texto: T6293226
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