RP - ALBERTO - PARTE 8

ALBERTO

PARTE 8

Mônica para de falar por um momento, respira fundo e olha para as mãos unidas sobre as pernas.

- Nós saímos juntos do hospital e... depois que tudo aconteceu... eu caí em mim e vi... que aquilo tinha sido uma loucura... Ele era um médico respeitado na cidade toda... não só um médico, mas um homem respeitado, filho de Leonardo Valle. E eu não tinha o direito de modificar aquilo. Então o fiz prometer que o que houve entre nós não iria se repetir mais e que... nem ele nem eu deveríamos tocar mais no assunto... Saímos do hotel e voltamos ao hospital às três da manhã. Ninguém desconfiou de nada... Cláudio ficou muito abalado com o rompimento de uma coisa que mal tinha começado e só aceitou, porque eu insisti e o forcei a prometer... Ele até quis assumir tudo, mas eu o impedi, não deixei. Um mês depois, eu... comecei a me sentir diferente, desconfiei que tinha algo errado. Fiz o teste e... descobri que estava grávida...

Ela fecha os olhos. As lágrimas correm copiosas pelo rosto dela.

- Prometi a mim mesma que nunca diria a ele. Também por isso... inventei a estória toda de que você seria o pai do meu bebê, pra que ele também pensasse assim. Mas aí a própria Tânia contou pra ele que já sabia de tudo e não teve mais jeito de esconder.

- Esse é um perigo ainda maior. O fato de ela saber de tudo.

- Acho que ela descobriu tudo desde o início. Cláudio não sabe mentir. Ela deve ter desconfiado. Quando ela contou que estava grávida, eu pensei... como? Eu sabia que ela sempre tomou remédio pra evitar filhos. Ele me dizia que não quis filhos logo que se casaram, porque eram muito jovens, depois... por causa da faculdade e depois... porque ele sentiu que já não era mais apaixonado por ela, se é que um dia havia sido. Ela deve ter parado de tomar os remédios, enrolou ele de alguma forma e engravidou, sem ele perceber nem querer. Tânia é uma mulher muito bonita e dormindo na mesma cama... Ela fez tudo de caso pensado...

Ela enxuga o rosto, passa as mãos pelos cabelos curtos e olha para Wagner.

- Eu estou com muito medo, Wagner. Hoje de manhã, quando vi que ele não veio trabalhar e não respondia aos meus telefonemas, fiquei pensando que ele tivesse sido... assassinado por ela...

- Vira essa boca pra lá, menina, ele diz, se benzendo.

- Nós combinamos sair da cidade amanhã. Segunda, se eu ainda estiver aqui, vou me casar com o Miguel, meu pai já arranjou tudo.

- Fica tranquila. Eu tenho um plano melhor.

- Plano?

- Vocês vão sair daqui sim, mas não amanhã. Eu e a minha turma vamos cuidar de tudo.

- Você e sua turma? - ela pergunta, sorrindo. – Já prevejo confusão.

- Quer mostrar que tem dezessete anos, apesar de ser uma futura mamãe, e entrar na nossa?

- O Cláudio concorda com isso?

- Não... Eu não falei com ele sobre o que nós vamos fazer, senão ele concordaria menos ainda. Ele disse que teria que falar com você primeiro. Você tem que deixar. É só pro fato de não deixar esse casamento maluco acontecer.

Ela suspira e diz:

- Eu acho que não tenho nada a perder. Só preciso tomar cuidado com o meu bebê.

- Pode deixar, minha sobrinha vai ser muito bem tratada.

- Você já sabe?

- Já, ele diz, tocando a barriga dela. – Estou mega ansioso pra ver a carinha dela.

- Eu também.

- Então você topa?

- Topo, se não for muito perigoso.

- Não é. Eu te garanto. A gente nunca faz nada perigoso. Vai ser só uma brincadeira a mais pra ter o que falar no Natal. Falar só, não chorar. Só antecipo que o único que vai se aborrecer um pouquinho é o seu pai.

- Isso eu sei, ela diz, ficando séria. – Ele viu no meu casamento com o Miguel uma saída pra esse... problema. Só espero que você não tenha me arranjado mais um pai pra essa criança. Eu não aguento mais. A vontade que eu tenho é de gritar bem alto que o pai da minha filha é um só, o meu Cláudio! Não a população masculina inteira de Casa Branca. Isso é o cúmulo pra quem nunca namorou ninguém na vida.

Wagner ri.

- Pode deixar. Eu não vou fazer isso. Não quero ser assassinado pelo pai dela.

- Mas eu preciso mesmo falar com o Cláudio, agora. Surgiu um caso urgente lá no Santa Mônica.

- Vamos até a casa dele?

- Eu já disse que não gosto de ir até lá... Tenho medo da Tânia. Eu não sou covarde, mas sei admitir quando estou errada. Nesse caso eu estou errada demais. Eu tenho um filho do marido dela dentro de mim e admito que ela tenha razão em me odiar... Estou com muito medo do que ela ainda pode fazer comigo... com a gente. Eu não quero vê-la.

- Então por que você não liga pra ele de um telefone público? Eu disco, se ele atender, você fala.

- É uma ideia...

Os dois saem do carro e vão até um orelhão.

RETORNO AO PARAÍSO – ALBERTO

PARTE 8

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODO

Velucy
Enviado por Velucy em 02/04/2018
Reeditado em 25/01/2019
Código do texto: T6297199
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