RP - ALBERTO - PARTE 9

ALBERTO

PARTE 9

Wagner e Mônica saem do carro e vão até um orelhão. Quando o telefone toca, Gina atende.

- Alô.

- Oi, Gina, sou eu Wagner. O Cláudio já desceu?

- Ah, você de novo?

- Desculpa por hoje de manhã, Gina. Eu não quis complicar sua vida, mas eu vou fazer alguma coisa pra te compensar um dia desses. Vou pedir pra Bárbara te dar um aumento por me aguentar, só que agora eu preciso desesperadamente falar com meu irmão de novo. Me quebra essa, fofinha.

Cláudio vem descendo e ela avisa:

- Telefone pro senhor, doutor. Seu irmão.

- De novo?

Ela dá de ombros e estende o telefone para ele. Cláudio pega o aparelho e atende. Gina volta para a cozinha.

- Fala, Wagner.

- E a fera, ainda está por aí?

Cláudio sorri e responde:

- Não, no chuveiro. Que aconteceu?

- Espera um pouquinho. Vê se dá pra reconhecer essa voz...

Ele entrega o telefone para Mônica.

- Cláudio...

Cláudio reconhece a voz dela imediatamente e olha para o topo da escada.

- Oi... Eu precisava mesmo falar com você. O que aconteceu? Está tudo bem?

- Comigo está. Está tudo bem. É o Alberto.

- Que tem ele?

- Apareceu hoje cedo na creche do hospital, chorando muito. O pai o espancou de novo ontem à noite, depois que o levou pra casa. Alberto confessou, depois de muito chorar, que ele faz isso de vez em quando, porque ainda bebe e que ameaçou matá-lo se ele contasse isso pra alguém. Eu acho que ele não aguentou mais e fugiu de casa.

- Meu Deus! Onde ele está agora?

- Com a professora na creche, mas ele está muito assustado e nervoso.

- Não é pra menos.

Cláudio passa a mão pelo rosto e procura pensar no que pode fazer.

- Cláudio? - ela chama.

- Eu estou aqui. Olha... eu estou no Santa Mônica em quinze minutos. Vai pra lá e não sai de perto dele e pede pro Wagner ligar ou ir avisar o Arnaldo também.

- Você... está bem? Consegue sair daí?

- Vou tentar. Eu estou bem. Só preciso falar com você pessoalmente depois.

- Eu sei. Eu também... Até mais tarde. Te amo.

- Até mais tarde. Obrigado... Também te amo, ele diz, baixinho.

Ele desliga o telefone e olha para as mãos que tremem. Tânia vem descendo devagar.

- Quem era? - ela pergunta.

- Era do hospital... Eu vou ter que sair.

- Ah, não. Hoje não. Você prometeu.

- É uma emergência, Tânia. Eu volto logo.

Ele pega a chave do carro e sai. Tânia resolve sair atrás dele e pretende segui-lo. Dá um tempo até que o carro dele saia da garagem e sai em seguida.

Mônica vai para o hospital e Wagner vai com ela, já que está sem condução para voltar para a fazenda. Ela diz a ele que Cláudio pediu para avisar o delegado e ele fica na delegacia que não é muito longe.

Cláudio o encontra na porta do hospital, minutos depois, e os dois sobem juntos.

- Quem é o garoto? - Wagner pergunta.

- É o filho de um débil mental alcoólatra que desconta no filho a própria irresponsabilidade. O menino fica na creche do Santa Mônica a semana toda, menos nos finais de semana e dorme em casa também. Já está com um braço engessado de uma surra que levou do pai e, pelo jeito, o homem não se emendou ainda. Deu até delegacia no dia.

Quando eles entram na enfermaria, Alberto está se debulhando em lágrimas, abraçado a Mônica. Quando vê Cláudio, pede suplicante:

- Não me leva de volta pra lá! Ele me bate mais! Não me leva!

Cláudio o abraça e tenta acalmá-lo.

- Eu não vou fazer isso. Calma. Está tudo bem. Tudo bem. Olha pra mim.

Ele afasta o rosto do garoto, segurando-o com as duas mãos e enxuga seu rosto.

- Respira... Fica calmo e tenta me contar o que aconteceu.

- Ele faz isso sempre...

- Faz o quê?

- Bebe... e, de vez em quando, quando está acordado, ele sente raiva de mim e me bate.

- Vocês têm bebida em casa?

- Não, ele bebe no Barão quando sai daqui, depois que vem me buscar. Ele diz que eu fiquei mal acostumado aqui. Que estou parecendo filho de rico e que estou cheio de luxo por não querer comer a comida que a Júlia faz.

- E por que você não contou isso pra gente antes?

- Ele pega a faca da cozinha e diz que corta o meu pescoço se eu disser pra alguém. Eu fiquei com medo, mas hoje eu fugi.

Ele começa a chorar de novo mais intensamente. O menino treme e se abraça a Cláudio, segurando com força seu braço.

RETORNO AO PARAÍSO – ALBERTO

PARTE 9

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 02/04/2018
Reeditado em 25/01/2019
Código do texto: T6297201
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