RP - IVAN, O TERRÍVEL - PARTE 4

IVAN, O TERRÍVEL

PARTE IV

Cláudio ri e para o carro, pois já estão diante dos portões da fazenda.

- A verdade dói, não é, maninho? Pode perguntar pra Magda. Ela vai confirmar tudo. Eu me lembro de toda sua infância como se fosse um livro que estivesse aberto na minha frente. Não me escapa nada.

- Nada?

- Nem uma vírgula. Eu me lembro de cada dor de barriga sua. De cada joelho ralado e mesmo quando você era bebê e chorava de fome ou por qualquer outro motivo e eu queria ajudar e não podia. Foi num desses momentos que eu decidi que queria ser médico pra poder cuidar de você. Eu não sabia nem que especialidade era, mas eu queria poder evitar que você chorasse por qualquer motivo.

Wagner olha para o irmão, admirado, e sente a garganta apertar. Cláudio olha para ele também e sorri.

- A única coisa que eu não tinha muita certeza a seu respeito... era sobre... seus sentimentos em relação à Mônica.

- Eu e a Mônica?

- É... Depois do meu casamento, ela e o pai passaram a frequentar bastante a fazenda. Nos finais de semana que eu passava aqui com a família toda, eu via que vocês brincavam muito juntos.

- Eu nunca tive... Eu tinha onze anos, cara!

- Doze.

- Grande diferença. Eu nunca tive nada com ela.

- Não foi o que ela me disse, Cláudio fala, sem olhar para ele.

- E o que foi que ela te disse?

- Que vocês foram... namorados.

- Mentira! Eu nunca gostei de garota empolada.

- Ah, não?! Isso eu posso desmentir na tua cara. Vocês não se largavam nem pra comer. Só se separavam quando ela tinha que voltar pra cidade.

- Se teve esse negócio de namoro... era coisa de criança. Tudo brincadeira. Você não vai levar esse negócio a sério, vai?

- Eu sei lá o que vocês fizeram... Ela disse que teve até beijo.

- Ah, Cláudio, para com isso! É mentira dela! Eu não sei mais se quero a Mônica como cunhada também... saco!

Ele apoia o braço na janela do carro e emburra. Cláudio ri a valer e Alberto, sentado no banco de trás do carro, também ri alto.

- Ah, droga, é complô agora? Alberto, eu pensei que você fosse meu amigo.

O menino continua rindo. Cláudio coloca o carro em movimento.

Quando o carro para diante da casa grande, Wagner desce dele e entra correndo na casa, procurando por Ivan, mas não o encontra. Vai até a cozinha e pergunta a Matilde:

- E o Ivan? Cadê aquele maluco?

- Saiu com as meninas.

- Ele trouxe a minha moto?

- Acho que ele veio com ela sim, pelo menos, eu ouvi uma barulheira quando ele chegou.

- E onde ela está?

- Não sei, não, senhor.

- E minha mãe?

- Está na casa do Lopes com a Carolina. Ela vai ter o bebê. Mandou dizer que não vai voltar pra casa grande hoje.

- Não vai?

Cláudio entra na cozinha, trazendo Alberto pela mão.

- Oi, Matilde! E a Diana?

- Saiu com o avô, doutor. Ela e a Elis.

- Pra longe? - os dois irmãos perguntam ao mesmo tempo.

- Não, acho que não. Devem estar aí pelo pasto. A dona Magda pediu pro senhor ir até a casa do Lopes logo que chegasse.

- Eu sei. O Lopes talvez chegue daqui a pouco com o médico que vai fazer o parto da Carolina. Você fica como Alberto, Wagner?

- Fico, diz ele, saindo da cozinha distraidamente com o pensamento em Ivan e em sua moto.

- Muito obrigado... diz Cláudio, percebendo que a ajuda dele será nenhuma.

Ele senta Alberto numa cadeira.

- Matilde, esse é o Alberto. Fala “oi” pra Matilde, Alberto.

- Oi, ele diz, com um sorriso tímido.

- Oi, Alberto! De quem é, doutor?

- Meu, diz ele, rindo em seguida.

- Seu...? - ela estranha.

- Temporariamente. Eu estou tomando conta dele. Será que dá pra você arrumar um prato de comida pra ele e dar uma olhadinha nele pra mim? Só enquanto a Diana não chega. Ela já o conhece. Eu tenho que ir até a casa do Lopes.

- Pode deixar ele comigo, doutor.

- Eu volto já, viu, Alberto? Não sai daqui. A Matilde vai fazer um prato de comida pra você. Só sai depois que a Diana chegar, tá?

- Tá, concorda o menino.

- Obrigado, Matilde, você é um anjo. Até já. Tchau, garotão.

- Aonde você vai? - ele pergunta.

- Vou ver um bebê nascer.

- Nossa! Posso ir também?

Cláudio ri.

- Acho melhor não, mas eu te conto tudo depois. Tchau.

Cláudio sobe até seu antigo quarto, lava as mãos e troca a camisa por um uniforme branco reserva que sempre tem ali. Vai até seu carro e pega sua maleta, indo em seguida para a casa de Lopes.

RETORNO AO PARAÍSO – IVAN, O TERRÍVEL

PARTE 4

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 06/04/2018
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